Não
é natural. Não consta dentre as regras da Natureza...
Líderes
surgem espontaneamente e são seguidos pelo seu valor. A manada caminha atrás dos
mais fortes, que abrem caminho para novas pastagens, para a fartura.
Estes indivíduos mais fortes sempre serão minoria nos rebanhos,
principalmente se houver misturas de animais diversos. Mas,
encabeçando o grupo, deixarão a trilha mais fácil para os demais,
escolherão os caminhos mais seguros, atacarão os predadores à
espreita e desviarão dos perigos. Se porventura a maioria mais fraca
colocar seus iguais à frente, a marcha irá diminuindo defronte a
obstáculos até estagnar num lodaçal ou despencar num penhasco.
Não
é natural. São os reis que comandam, não os jograis, os bufões.
Mas votos majoritários em eleições nada mais são que aplausos da plebe
desocupada aos que mais os divertem com arremedos, cantos e danças
grotescas. E o som dos aplausos mais fortes conduzem ao trono falsas
personagens. Bobos da corte, vilões burlescos que em posse de uma coroa se transfiguram
em tiranos cruéis vingando seu passado de insignificância e
atacando os mais nobres e sua riqueza até que todas as moedas do
reino desapareçam, todos os tesouros sejam diluídos em festas, em
banquetes, em danças rodopiantes que fazem vibrar o solo e estasiam
a plebe inútil e esquecida do trabalho. E então, a manada estagna
no lodaçal que ela mesmo criou debaixo de seus pés ou, em busca cega e desesperada, cai pelos penhascos da fome, da miséria...