quarta-feira, 3 de abril de 2013

Livro:as memórias sujas de um delegado do DOPS


Acabo de ler o livro "Memórias de uma guerra suja" do ex-delegado (DOPS) Claudio Guerra. Foi lançado no ano passado, só o li agora porque me enviaram de presente, não gosto de livros desta natureza, não tenho nenhuma empatia com delatores e me enojam os "arrependidos".
O elemento que prestou bons serviços à Segurança Nacional nas décadas de 70 e 80 mas também foi acusado de vários crimes comuns pós-governo militar, virou pastor evangélico e... também foi acusado de desviar os dízimos recebidos pela Assembleia de Deus! Eu sugiro um segundo volume com o título mais apropriado de "Memórias sujas do Cláudio Guerra"...
Está arrependido, com remorsinhos, com medinho de ir para o Inferno e se encontrar com os comunistas? (pois lugar de comunista é lá!). Tudo bem, faça sua mea culpa, confesse o que acha que foi crime, errado, pecado, etc, mas o que vemos no livro é uma delação detalhada, com nomes completos em maiúsculas, negrito, no que me parece um relatório encomendado pela famigerada Comissão da Vingança, oficialmente conhecida como "Comissão da Verdade". A menos que o outrora valente defensor de nossa civilização esteja senil e sendo usado pelos antigos inimigos.
Descrições minuciosas, muitas revelações de fatos relevantes e anteriormente envoltos em profissional silêncio, outras ações no mínimo estranhas como a tal missão em que um Hércules 130 da FAB decola de Recife à meia noite e depois de "umas oito ou nove horas de voo" chega em Angola"no começo da manhã, às sete horas". E os fusos horários? O gato comeu? Chegariam lá por volta das 13:00H e mesmo que ele se refira ao horário de Brasília, não tem como confundir sol africano a pino com "começo da manhã"... E sabem para quê? Para, num país com toneladas de material explosivo espalhados por todos os lados e centenas de elementos com conhecimento de minas, armadilhas, com cursos na China, URSS, África do Sul, levar 3 brasileiros para colocar uma mochila bomba no vão de uma escada... E às nove da noite do mesmo dia já estavam em Recife novamente. Isso depois de terem andado 4 horas de jipe (ida e volta) desde o local do pouso para alcançar o objetivo em Luanda. Jogo rapidíssimo.
Ok, livro recebido e lido. Memórias de um aguerrido operacional que combateu o terrorismo com as mesmas armas deles e prestou bons serviços em defesa da Pátria e da Civilização Ocidental. Depois sofreu a ação do tempo e se deteriorou. Para os guerreiros que morrem em combate existe o paraíso Vahala; mas para os castigados com a sobrevivência existe sempre um Inferno de emboscada. Em vida. A guerra foi travada de acordo com o nível do inimigo que se apresentava. De sujo, com esse livro, só restou o nome de Cláudio Guerra. Uma pena.