quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Políticos manés:depoimento padrão pós denúncias

Após assistir as lamentáveis performances de nossos líderes políticos em apuros na hora de abrir a boca,resolvi criar este depoimento padrão,destinado a ganhar tempo e limpar a barra no momento mais crítico;se for usado com suficiente intervalo entre as interpretações ninguém notará e todos ficarão satisfeitos.
INSTRUÇÕES:
Decorar e discursar como se fosse de improviso:
-Diante da oposição: indignado;
-Diante do Partido:em tom de ironia,balançando a cabeça negativamente;
-Diante do chefe:voz baixa,ar triste,algumas lágrimas,disposto a entregar o cargo de imediato.
Texto:
-Confesso-me surpreendido. (Balance a cabeça. Pausa. Passe a mão no rosto e deixe o silêncio tomar conta,até começarem a ficar constrangidos.) Nunca esperei estar aqui,não nesta condição! Desculpem meu improviso,não preparei uma defesa porque nada fiz que tal merecesse. (No início,vá fazendo as pausas constrangedoras). Como_______________________,à frente do ________________,fui surpreendido nesta semana por acusações de _________________,____________ e ________________. Inocentemente respondi a todas as perguntas da Mídia -que respeito e reputo como símbolo da democracia- sem consultar documentos,apenas de memória,procurando colaborar e esclarecer. Em meu gabinete,absorto pelo trabalho,já dava por encerrado este capítulo,atribuindo-o a equívocos sem dolo ou à onda de denuncismo,comum nos partidos derrotados e em -poucos- órgãos de imprensa adeptos do mercenarismo sórdido para o vilipêndio dirigido,sem atentar para as feridas que abrem em um espírito puro. Mas minhas respostas foram consideradas mentirosas e contraditórias!
(Atenção,é importante dizer “poucos”,nunca entre em confronto com a mídia,jogue a culpa nela,mas deixando claro que são apenas os maus profissionais,não representativos. Decore alguns rostos e nomes de jornalistas e caso presentes,aponte-os)
-Vejo aqui o ___________e o ____________,profissionais competentes que acompanham há muito minha trajetória e saberão filtrar as inverdades e calúnias,dos meus equívocos ou falhas de um fiel servidor público e que humanamente pode errar.
Pausa. Olhe nos olhos de todos. E perca as estribeiras,aumentando a voz:
-Mas não admito ser chamado de _____________,______________ e ______________!!! Cerre firmemente os lábios,como se estivesse tentando se controlar. (Imediatamente,fique calmo e peça desculpas. )
-Não me preparei nem posso responder com clareza ou apresentar documentos porque quem vive de seu trabalho não é um criminoso que a cada passo dado coleciona provas para um futuro álibi;responderei de bom grado o que for perguntado,pedindo a compreensão e um voto de confiança dos senhores para eventuais falhas e já pedi aos meus assessores que vasculhem os arquivos para que sejam entregues todas as provas necessárias para que tudo fique definitivamente esclarecido.(picotador de papéis trabalhando a todo o vapor e limpeza profunda nos discos rígidos dos computadores). Permito desde já a quebra de sigilo fiscal ou telefônico.(depois coloque seus advogados para impedir e fazer lobby)
Com ar estóico,acomode-se na cadeira:
-Estou à vossa disposição.

Ou seja,seus Manés,não fiquem jogando a culpa em outros (em mortos pode),não contem mentiras pouco elaboradas que serão desmascaradas e ao mesmo tempo já peçam um desconto,desqualificando seus próprios depoimentos por falta de preparo,devido à surpresa das infundadas denúncias. Até o próximo depoimento ou em uma eventual CPI,já terão tido tempo suficiente para subornar ou ameaçar as testemunhas e envolvidos. Democracia no Brasil funciona assim,com exercícios de retórica,CPI demorada e dispersa,perdendo-se na memória popular  e severa punição aos mais fracos caso eventualmente,por falha de alguém,se encontrar alguma culpa... Brasil!