quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O click do mouse x o click do gatilho

Com o aumento da tensão no Oriente Médio causada pela queda de Mubarak e o entusiasmo cibernético dos que acreditam que clicks no mouse são mais fortes que no gatilho da Kalashinikov,hipocrisias políticas à parte,a preocupação mesmo não é pelo povo e sim pelo petróleo e seu caminho para o Ocidente via Canal de Suez. Dois milhões de barris de petróleo diários e cerca de 15% do gás natural liquefeito do comércio mundial passam por ele. Este corredor marítimo é tão fácil de cortar como a jugular de um infiel com uma cimitarra(não,meu jovem, cimitarra não é uma lancha,é uma espada muito usado por aquelas bandas...)
Teríamos escassez? Apenas nos primeiros momentos,mas a rota alternativa,contornando África alonga o tempo de entrega em mais de duas semanas,elevando de imediato os custos. A defunta União Soviética tentou por todas as formas dominar os pontos estratégicos deste importante caminho marítimo e nas décadas de 60 e 70 o pequenino Portugal com Angola,Cabo Verde e Moçambique em posição geográfica privilegiada, arcou com o peso desta posse,acabando por perder seu império.
Soma-se a esta preocupação,a neurose – justificadíssima – de Israel,que nunca consegue dormir sossegado nas paragens onde foi se instalar e logo agora que os inimigos já entravam na rotina tolerável das escaramuças de pequena monta somente para mostrar serviço,nuvens estranhas pairam no ar. Num mundo fechado,conservador como os países árabes,de povos estoicos por natureza,de chofre aparecem revoluções cibernéticas,população completamente à vontade em seus dias de fúria,dias sem medo. É sabido que a massa sempre pende para todos os lados de acordo com os insufladores e é apenas material de manobra,que no final simplesmente muda de donos. Mais assustador é,por exemplo,a Irmandade Muçulmana declarar com veemência que não tem nada com isso,não quer nada,não participa do poder. Para Israel,é como estivessem declarando o contrário. Com loucos à solta na região como o amigo do Lula e Amorim, Armadinejad, Bin Laden & Cia, se Israel farejar qualquer cerco maligno por parte dos fanáticos de Alá fará o que sempre fez,aliás com competência:desce o braço nos vizinhos e não tão vizinhos como o Irã e depois avisa os aliados e pede permissão. E tudo isso por culpa dos mocinhos que inventaram o facebook,twitter e outros sinais de fumaça cibernéticos. O pessoalzinho da bomba atômica morreria de inveja...