quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Mitos e verdades:abrindo feridas na Amazônia

Tempos atrás voei com alguns senadores norte americanos sobre a floresta amazônica. Eles queriam ver a tal de devastação, o tal de desmatamento descontrolado, a desertificação da maior floresta do mundo...
-Tem não seus moços, desertos estão em falta... só tem essa mata aí, até onde a vista alcança, para todos os lados...
Os senadores,verdes, acompanhados de alguns jornalistas cor de rosa saíram desapontados com o que viram, muita floresta, poucas áreas degradadas, árvores até o horizonte. Nada do tal de pipocar de tantas áreas do tamanho de um campo de futebol por dia, hora, minuto. Leiam tais pesquisas alarmistas, façam as contas de tempo e espaço derrubado e verão que a floresta amazônica deveria ter desaparecido!

Voei por duas décadas na Amazônia em missões legais com o Ibama, Polícia Federal, Polícia Civil e Militar, Petrobras,mas também com garimpeiros ilegais, invasores de áreas indígenas e até gente pior, como os políticos rapinantes, presenciando e participando ativamente da abertura de clareiras na selva para várias finalidades. Voltando anos depois em algumas delas, em muitas tive que lançar o pessoal de rapel ou em voo pairado pois a cicatriz já se fechara e o pouso tornara-se impossível. Apenas a Petrobras tinha uma política efetiva de reconstituição da mata onde abria grandes espaços para a exploração petrolífera, mas os buracos deixados por outras empresas menos preocupadas com o meio ambiente também se recompõem,embora mais lentamente. A selva e o planeta sabem se cuidar e o homem só faz arranhões em sua pele.

Derrubam-se árvores linearmente para a rampa de aproximação dos helicópteros, que a menos que estejam leves, não podem subir e descer como um elevador, têm que trabalhar com peso a bordo, torque das turbinas, velocidade de sustentação. Essa vegetação derrubada permanece no solo, sem ser usada, no próprio local que caiu, servindo de massa de adubo e sementes para que em alguns anos haja a gradual recuperação sem intervenção humana e as espécies mais fracas que primeiro ocupam o terreno acabam sobrepujadas pelos exemplares que antes ali estavam. Apenas nas áreas de grandes companhias que hoje atuam legalmente e portanto obrigadas ao manejo ambiental, os grandes tratores fazem estragos maiores, que são recuperados posteriormente dentro das exigências da lei, pois fica mais barato que as multas e menos complicado e mais confiável que os subornos.

Todo o resto é histeria politicamente correta de quem nunca pisou numa floresta...