Na edição de hoje,a Folha.Com traz uma série de artigos sobre a psicanálise,a revolução que não deu certo. Comenta que ela sobrevive com vigor na Argentina, no Brasil e na França. No resto do mundo, seu estado varia de decadente a agonizante. É de se esperar:a França nunca viveu o real,criou um mundo à parte e volta e meia seja a nação seja o cidadão,tem que passar por algum estímulo que os engane por mais algum tempo e continuem se achando os melhores do planeta,embora na intimidade nunca deixem de olhar sob a cama antes de dormir com medo da Alemanha. A Argentina tem um problema grave comum a todos na América Latina,principalmente da classe média para baixo:vizinhança ignorante,violenta,numerosa... Já quanto ao seu retro mencionado vizinho Brasil não constitui nenhuma surpresa que algo decadente ou extinto no resto do mundo aqui sobreviva,temos até comunistas!
A discussão gira em torno do exagero de alguns psicanalistas ao tentar interpretar todos os fenômenos sociais a partir do esquema familiar e do Édipo mas também de seu oposto,pois também não é possível ignorá-la (a família).
Sem dúvida,mas se trata de flexibilizar a psicanálise,adaptando-se aos tempos e transportá-la da família para o mundo. Com a transformação da criança em adolescente e adulto,as paredes do lar se ampliam e da sociedade espera-se que sejam os braços protetores das mães alongados mas que tanto podem servir para proteger como para afastar,recusar,empurrar,nem sempre carinhosamente. A figura paterna pode ser vista como o trabalho,que fornece o sustento mas a troco de sacrifício ou renúncias,sem permitir caprichos. São nessas variantes mais dolorosas que o adulto-criança e os psicanalistas teimosos podem se perder se não as considerarem. A crise é mais de profissionais que da psicanálise;como escrevi em meu livro "O infinito não tem pressa" ,o fato de um indivíduo dormir numa sala de aula por alguns anos,colar nas provas e receber um diploma,não lhe concede o direito nem competência para dar palpites exóticos sobre problemas alheios...
Mas não podemos desprezar a força da teoria freudiana pura na interpretação dos fenômenos sociais e o exemplo está no Brasil com o presidente Lula,que apoderou-se da Mãe-Pátria e conseguiu realizar o sonho de Édipo em seu significado mais vulgar...