terça-feira, 28 de maio de 2013

Os assassinatos,os conceitos e as pérolas do apresentador


Vi a chamada da TV e pisei no freio do controle remoto,ouvidos atentos:acreditem ou não estão imputando a morte de um gay,dentro de uma boate gay,frequentado obviamente por gays ...à homofobia! O suspeito é o segurança. Segurança homofóbico trabalhando dentro de boate gay não é homofóbico,é masoquista! E o jornalista que não se cansa de falar que a polícia não prende ninguém,agora grita que o suspeito só não foi preso ainda porque a vítima é gay! Ah,dá um tempo!
 
Comecei a escrever para contar a vocês e o show continuou:”Sonho da casa própria termina em morte...”
 
Já fiquei triste,mais um trabalhador honesto sendo morto... Mostram o muro,areia, cimento. Casinha subindo. Triste... E a família:ele estava dando duro,trabalhando demais,no fim de semana tinha um grupo de pagode... A minha orelha já levantou igual a do Chapuço,meu finado pastor alemão. E a reportagem:foi morto porque comprou o material de construção e pagou com cheque sem fundo e estava sendo ameaçado. Tudo isso por um pouco de areia,cimento...
 
Acho que sou um insensível:pera aí,sonho da casa própria com material alheio? Pago com cheque sem fundo? Depois da casinha grátis ia sonhar com o quê? Um carrinho novo? E o dono do depósito? Também não trabalha? Também não tem sonhos? Ou tem uma casa de caridade?
 
Ah,mas depois de ameaçar e ele não pagar,mandaram bala nele,só por causa de um pouco de cimento,areia,tijolo... Pensem no seguinte:alémdos meios usados,qual a diferença entre alguém que entra sorrateiramente na calada da noite num depósito para roubar material e surpreendido por um vigia,leva um tiro enquanto foge e morre e um que é morto porque "comprou" o mesmo material e pagou com cheque sem fundo?

 
A diferença é que neste último caso,o dono do depósito ainda gastou com o frete para entregar o produto...


O duplo assassinato e suícidio em Alphaville e o egocentrismo

Egocentrismo:qualidade da personalidade referente ao indivíduo que prioriza a si e a seus desejos não enxergando a realidade da vida social e das necessidades de outros indivíduos em relação às suas.
 
Caro Vicente D'Alessio,descanse -finalmente- em paz. Muitos pensaram a mesma coisa que aqui escrevo,mas ninguém teve a coragem de se expor às patrulhas do politicamente correto:onde hoje nas notícias policiais(clique) se lê seu nome,poderia ser o meu,o de amigos,o de qualquer cidadão normal que independente de usar uma arma de fogo,faca,pedaço de pau ou os próprios punhos,ultrapassa o limite do bom senso e da própria segurança,joga para o alto toda uma tranquilidade conseguida depois de uma vida de trabalho e explode,dá vazão,reage ao acúmulo de agressões sociais repetitivas,desprezo pelo próximo,desrespeito às leis,ao ser humano,num egocentrismo absurdo,irracional que bate sempre no mesmo ponto. O ruído persistente quando se deseja repouso aos poucos nos enlouquece. Não há como fugir a menos que abandonemos nossa casa,nosso lar,muitas vezes um sonho realizado,obtido com esforço. Muitos fazem essa renúncia,outros,cansados de fugir de tudo e de todos nesse caos urbano optam pela briga constante contra os abusos,tornando a vida miserável,estressante ou se reprimem,aumentando dia a dia a tensão. Queremos escutar a música que nos agrada,não a do vizinho;queremos ouvi-la em determinado momento,não quando o vizinho resolve. E,cidadãos conscientes,se em coletividade o fazemos em altura compatível,só para nós. Se em um apartamento,até os passos,movimentos,trabalhos devem ser feitos,medidos,dimensionados pensando nos outros condôminos.

Num país multicultural como o nosso isso é quase impossível,com uma população desnivelada,mal educada,que não se importa em agredir a tranquilidade dos demais,muitos vivem como se fossem os únicos habitantes do planeta. Independente da classe social não se consegue uma unanimidade em termos de respeito em qualquer grupo;sossego nestes tempos modernos é um artigo raro,dificilmente de longa duração.

 Vicente D'Alessio que fora de si matou o casal de vizinhos do andar de cima,Fábio e Míriam,depois de reiteradas queixas era um cidadão normal,honesto,não um marginal,não um assassino. Uma pedra dura que se furou com a gota d'água que tanto bateu. Se fosse um assassino desalmado teria fugido ao flagrante,se apresentado posteriormente com um advogado e adiaria o cumprimento da pena -pequena- talvez até sua morte por velhice. Mas sua vida terminou ali ao quebrar as regras da sociedade dos homens,transtornado pela mesma quebra insistente por parte dos vizinhos de cima. Soube julgar seu ato e condenou-se à morte.

Que as três mortes -plenamente evitáveis- sirvam de alerta,de ameaça que iniba,já que aparentemente ninguém mais aceita ou aprende lições de cortesia,convívio, educação,respeito.