segunda-feira, 19 de março de 2012

A morte de Aziz e o legado de Saber

O geógrafo,pesquisador,cientista Aziz Nacib Ab'Saber faleceu sexta-feira passada,16. Sua morte e sua longa vida de inestimáveis serviços prestados ao Brasil estão sendo fartamente noticiados com profundidade na imprensa e não é preciso aqui se estender sobre o assunto. Mas é dever de todo cidadão render homenagens a um brasileiro ímpar e a minha será à moda da casa.

Filho de um mascate libanês,criado na roça,ingressou na USP onde enquanto estudava também -a exemplo de nossos intelectuais- acumulava um cargo público:o de jardineiro da universidade. Pois logo cedo,no início de carreira,começava a dar com sua honestidade de propósitos,capacidade de trabalho e simplicidade,puxões de orelha aos nossos arrogantes acadêmicos...

Como geógrafo entusiasmado conheceu o Brasil como ninguém e a partir desse conhecimento socio geográfico pode participar efetivamente do desenvolvimento de ideias e ações. Sabia o que falava,conhecia o solo onde pisava e se tornou referência em tudo o que se referia ao impacto resultante do binômio homem-ambiente físico. Acreditando no Homem,acreditava na colaboração cientistas-movimentos sociais em busca de soluções práticas e colaborou com o PT e Lula confiando em suas palavras,o que se transformaria rapidamente em frustração quando da chegada ao poder e a esperada implementação das promessas petistas no campo ambiental,que nunca se concretizaram. Não se tornou um “mangabeira unger” e se afastou do governo não amenizando críticas aos absurdos perpetrados por Lula,como o crime da transposição do São Francisco,entre outros. "Seu profundo conhecimento da geografia e seu compromisso inabalável com o povo brasileiro foram fonte de inspiração para todos nós",disse Lula em seu elogio fúnebre. Esqueceu-se de completar que o compromisso inabalável com o povo brasileiro- que Lula e o PT nunca tiveram – foi o que levou o grande professor a se afastar do governo.

Também em âmbito internacional,graças aos seus profundos conhecimentos,não temia discordar dos modismos de cientistas e ambientalistas superficiais,como a histeria do aquecimento global,cujas previsões de impactos estavam baseadas em pressupostos equivocados, resultando em diagnósticos consequentemente inválidos.

Dificilmente o Brasil produzirá outro homem igual em termos de honestidade,humildade,capacidade profissional,inteligência e entusiasmo para usar tais atributos para o bem de seu país,mesmo porque há muito fabricamos “intelectuais” e diplomas em série,prontos para marchar e louvar o próprio ego,o bolso e a ideologia reinante e não a ciência como instrumento prático,como uma pá de jardineiro,coisas de um filho de mascate...