sábado, 12 de março de 2011

EUA & Europa – os pretensos gerentes do planeta e os assuntos internos da Líbia

A ditadura de Kadafi é recente? Porque até semanas atrás era um governante reconhecido pela Europa,sempre recebido de acordo com suas exigências exóticas,parceiro comercial importante principalmente da França e Itália,grande fornecedor de petróleo – direto,sem passar pelo complicado Canal de Suez- e comprador milionário. O Primeiro Ministro inglês e o presidente francês estiveram em seu reino,Carla Bruni também - sem o marido.
Terrorista aposentado,o velho beduíno rompeu com extremistas a quem ajudou por décadas,eliminou armas de destruição em massa que possuía e conseguiu acabar com sanções da ONU e Europa ,há mais de uma década. Como qualquer outro país,ia tocando a vida em relativo silêncio.
Na onda de manifestações bem sucedidas em países árabes vizinhos,parte da população líbia se rebelou – um problema estritamente interno desse país. Todos esperavam uma queda rápida do regime,inclusive os especialistas  nestes assuntos- veja neste blog -ignorando tudo o que se conhecia sobre a personalidade de Kadafi. Logo a Europa – diga-se França e Inglaterra – se alvoroçou em defesa dos rebelados e os EUA,que a pouco traíram seu aliado Mubarak, começaram a carregar suas armas,numa atitude superficial sem levar em conta o perigo da expansão do Islamismo radical e suas consequências para a Civilização Ocidental,logo ali do outro lado da praia. A França como sempre é a mais histérica,preocupada em ser a primeira a tomar atitudes em defesa das gastas Liberté, Egalité, Fraternité,baixinha recalcada metida a grande potência,que no decorrer da história sempre levou uns cascudos quando a Alemanha acordava mal humorada. Sarkozy é a cara da França. Precipitado,reconheceu o Conselho de Governo Provisório rebelde,rompendo as relações com Kadafi – a quem vendeu um reator nuclear há pouco tempo. Inimigos,inimigos,negócios à parte... Queria também,junto com os ingleses saudosos do Grande Império,criar uma zona de exclusão aérea,algo que os EUA estão mascando o freio para não executar sem consentimento de ninguém. A Alemanha,grande,robusta,boa de briga e sem o complexo de inferioridade francês,desconversou e sugeriu o óbvio entre gente civilizada:uma reunião com a União Africana e a Liga Árabe,membros da família envolvida. Entrementes,os EUA que desde 1800 já se metiam nas guerras bérberes da atual Líbia,congelaram cerca de 32 bilhões de dólares pertencentes a Kadafi e outros membros de sua família e regime;ora,este dinheiro não surgiu de uma hora para outra, circulava na economia americana. Subitamente deixou de ser legal? Que hipocrisia,seu Obama...
Todo este teatro é pela preocupação com os civis líbios. Quais civis? Trata-se de uma guerra interna e de civil,só as roupas. Civis armados são rebeldes,são beligerantes! Os desarmados estão na mesma cota dos mortos no Iraque,no Irã,Afeganistão,Cuba. Porquê na Líbia deve ser diferente?Porque é moda? Kadafi estaria anulando os ventos de liberdade cibernética que distraiu os ocidentais nas Tvs?
Seria de bom tom não se precipitarem. Kadafi é um velho beduíno teimoso e resistente como um camelo. Os rebeldes até agora demonstram incompetência,falta de organização,avançam agrupados pelas estradas,alvos fáceis,gastam munição inutilmente usando equipamentos não compatíveis com seus alvos e falta liderança militar. As forças armadas líbias tem condição de esmagar esta revolta e provavelmente vão fazer isso. EUA e Europa querem intervir para proteger civis alheios? Que o façam também no Tibete,em Cuba,no Irã.
Mas aparentemente torturar,massacrar, matar é permitido desde que se amordacem as vítimas. Se gritarem constrangem e forçam a intervenção das nações democráticas...