sábado, 28 de maio de 2011

Voo AF447 - o relatório oficial e as prováveis causas

A BEA,Bureau d'Enquêtes et d'Analyses,orgão francês responsável pela analise dos dados sobre o voo AF447 divulgou uma nota com o balanço da investigação em seu site oficial. Veja AQUI o documento PDF na íntegra,em português.
À primeira vista tudo indica uma informação errada de velocidade fornecida aos computadores de bordo,motivada talvez pelo motivo já aventado logo após o acidente,o congelamento do tubo de pitot,que é nada mais que uma tomada de ar externo,orientado para o sentido do voo e que sofre a pressão dinâmica do ar quando do deslocamento da aeronave para frente. Este tubo tem aquecimento para evitar acúmulo de gelo,podendo ser acionado manualmente da cabine,até nas aeronaves mais simples. Algo falhou neste acionamento. Com informações erradas,os computadores agiram como se o voo,que prosseguia normalmente,estivesse com problemas mostrando aos pilotos informações falsas que os levaram a agir de imediato para corrigi-los,mas que acabaram por colocar o avião em uma atitude que provocou o estol,que é a perda de sustentação causada pela diminuição da velocidade horizontal. Houve uma queda brusca de velocidade e inclinação para cima,fatores que levaram imediatamente ao estol e,após um aumento de altitude,o início de uma queda vertical. Durante a queda assim permaneceu,embora a medida necessária para sair dessa situação crítica fosse exatamente o contrário,o “nariz” da aeronave deveria ser colocado para baixo,recuperando velocidade e consequentemente sustentação.O fato inexplicável da manutenção desta atitude inversa à correta,talvez possa ser desvendado por problemas de acionamento dos profundores,as superfícies localizadas na cauda -no Airbus acionados eletronicamente- e que elevam ou abaixam o nariz,pois em pelo menos um momento durante a queda as manetes de potência estiveram em Idle (totalmente reduzidas) uma medida que pode ser usada para fazer com que o “nariz” da aeronave descesse de forma emergencial,sem o auxílio dos profundores. Quinze segundos após as manetes serem colocadas em mínimo,a velocidade aumentou e há registros de comando de picada,tentativa de baixar o “nariz”. Registros de comando não significa que eles foram obedecidos.
O BEA enfatiza que no momento do evento, a massa e o centro de gravidade estavam dentro dos limites operacionais,o que descarta um possível acúmulo de gelo nas superfícies de comando. Sem parâmetros dos instrumentos e por ser noite,sem referencias visuais,foi impossível aos pilotos entenderem o que acontecia e o avião chocou-se com o oceano ainda na posição de subida,com o “nariz” para cima mas sem recuperar a velocidade horizontal. Uma conjugação de falha de instrumentos que induziram a falha humana em uma correção que teve efeito contrário,levando à queda da aeronave,opinião minha,mas somente o relatório final dos especialistas revelará com precisão toda a sequência dos eventos e suas causas. Os pilotos,experientes e bem treinados,tentaram friamente até o último instante fazer voar uma aeronave dominada por eletrônicos,que eu prefiro que sejam usados em terra firme ou pelo menos em conjunto alternativo com instrumentos convencionais e cabos de comando. Um velho Dakota sairia dessa incólume...




IMPORTANTE-Atualização em 21/05/2012: http://www.cavok.com.br/blog/?p=50486