terça-feira, 29 de novembro de 2011

Judeus - O holocausto português,de D. João II a Sousa Mendes

Aristides Sousa Mendes,cônsul português em Bordeaux durante a II Guerra Mundial já foi tido como herói ao distribuir milhares de vistos mesmo contra as ordens e os regulamentos de Lisboa, aos judeus que fugiam dos países ocupados pelos alemães,criando grave problema diplomático com a Alemanha e a Espanha,que temia por uma invasão nazista se a onda judia prosseguisse. Acabou perdendo seu emprego,demitido por Salazar e morreu na miséria. A verdade é que o cônsul tinha 14(quatorze)filhos e um enorme gasto doméstico e segundo os ingleses e muitos judeus que passaram pelas suas mãos,Aristides cobrava uma inexistente “taxa extra”supostamente para a “caridade portuguesa”,ou seja,aproveitava-se da desgraça judia para garantir o sustento de sua numerosa prole...

Mas não foi o primeiro que sob o manto de protetor dos judeus,os espoliou. D. João II foi tristemente cruel e desalmado quando da Inquisição. Em 1492 foi decretada a expulsão do judeus da Espanha e houve um natural fluxo de refugiados para Portugal,não só pela posição geográfica como pelo fato de que os judeus não eram aparentemente perseguidos neste país e usufruíam de boas posições como conselheiros reais,cientistas e comerciantes,além de atuarem em diversas profissões práticas que requeriam habilidade. Mas o inábil povo cristão ressentia-se disso e começou a perseguir e discriminá-los,ódio exacerbado com o êxodo proveniente da vizinha Espanha. Desta feita o benemérito salvador não era um cônsul,mas o próprio rei,D. João II,que viu nos ricos judeus uma fonte de lucro fácil e mesmo com o desagrado da população local permitiu a entrada sem limites dos refugiados. Mas instituiu a taxa de dois escudos pela permanência emergencial em Portugal,válida por 8 meses,quando então deveriam deixar o país... Sair como,cercados pela Espanha e pelo mar,sem navios à disposição?! Findo o prazo,em verdade uma armadilha para saqueá-los dentro da lei,o Rei,já que os judeus não saíram como combinado,ordenou que fossem vendidos como escravos,auferindo um último lucro. Mas o pior,o mais doloroso viria a seguir:as crianças judias,entre dois e dez anos(alguns cronistas citam até 12 anos) foram retiradas à força de seus pais,somando entre 800 a 2000 -os relatos de historiadores divergem- e após batizadas enviadas para as quase desabitadas e inclementes ilhas de São Tomé e Príncipe para iniciar seu povoamento! Crianças de dois a dez anos!


No ano de 1493, em Torres Vedras, deu el-rei a Álvaro de Caminha, cavaleiro de sua casa, a capitania de ilha de S. Tomé, de juro e de herdade, com cem mil réis de renda cada ano, pagos na casa da Mina. E porque os judeus castelhanos, que de seus reinos se não saíram nos termos limitados os mandou tomar por cativos, segundo a condição da entrada, e lhes tomou os filhos e filhas pequenos, que assim eram cativos, e os mandou tornar todos cristãos, e com dito Álvaro de Caminha os mandou todos à dita Ilha de S. Tomé, para que sendo apartados dos pais e suas doutrinas, e de quem lhes pudesse falar na lei de Moisés, fossem bons cristãos, e também para que crescendo e casando se pudesse com eles povoar a dita ilha, que por esta causa em diante foi em crescimento. Cronista Garcia de Resende (1470-1536)

Um número mais consistente entre os cronistas da época é que um ano após,apenas 600 crianças ainda sobreviviam desse cruel sequestro...

Que sofrimentos passaram essas crianças,lançadas numa ilha para uso da população local,a seu bel prazer? Quantas conseguiram escapar das ignomínias humanas,da escravidão,da tortura e terminarem suas vidas como homens normais? Existem ainda seus descendentes,identificáveis? Não há,nem mesmo entre os historiadores judeus,relatos e pesquisas mais profundas,detalhadas,que acredito necessárias para resgatar os fatos e trazer para o seio da família judia os remanescentes,se houver,devolvendo-os de forma simbólica aos braços estendidos em desespero de seus escravizados pais,de onde foram arrancadas cinco séculos atrás,no Holocausto português...