São diferentes em números e trajes; troquem as sandálias havaianas por sapatos de grife, as camisetas por paletós e as bicicletas por carros oficiais e jatinhos. Invertam os números: turba ignara e amoral por apenas algumas dezenas de espertalhões; televisores, celulares e alguns trocados por bilhões de reais. Agora deixem as ruas de Recife e visualizem um mapa do Brasil onde gigantescos Lulas, Dilmas, políticos, empresários e cartolas correm desvairadamente levando nos braços os cofres públicos, rindo ensandecidos pelo saque impune. Enquanto correm qual a turba de Recife, pisam em doentes jogados nos corredores de hospitais, derrubam as combalidas paredes de escolas sem teto, tropeçam nos engarrafamentos de caminhões que tentam escoar a produção agrícola nas abandonadas estradas rumo aos sucateados portos, escorregam nas 50.000 vítimas de homicídio anuais neste Brasil sem lei, nesta Terra de Ninguém, neste Porto de Piratas.
As manadas que saqueiam agem por impulso, por oportunidade; os políticos e cartolas se prepararam para o saque, subornaram, chantagearam, "fizeram o diabo" para trazer a Copa para cá sem pensar em nada mais que não fosse o lucro fácil, o desvio de verbas, o superfaturamento, o saque encoberto pela euforia dos torcedores patetas. Não haverá "legado da Copa" porque não houve real progresso na infraestrutura, apenas remendos em torno dos bilionários estádios. Como em Pernambuco, após a Copa restará apenas portas arrombadas, vitrines quebradas, bandeirinhas verde-amarelas pelo chão e cofres vazios. E igualmente impune ...