domingo, 11 de março de 2012

Geisel e a invasão cubana em Angola

Volta e meia leio espalhado por aí ou me enviam textos sobre a ajuda brasileira à Cuba,quando da invasão de Angola. Até mesmo o excelente Olavo de Carvalho sempre volta ao assunto com uma certeza que ultrapassa qualquer bola de cristal:”Tanto foi assim que, quando o governo Geisel deu sua virada à esquerda, adotando uma política nuclear antiamericana, estimulando o mais obsceno“terceiro mundismo” na diplomacia e até fornecendo armas, dinheiro e assistência técnica para Fidel Castro invadir Angola, não se ouviu um protesto sequer das lideranças civis." (Olavo de Carvalho em Porque a direita sumiu )

“Armas,dinheiro e assistência técnica”? Eu estava lá ao lado da FNLA e acredito pelo que vi,vivi,escutei,se trata de ficção,ou no mínimo de exagero. Em relação à Angola em 1975/76,a posição do governo brasileiro foi a de sempre em matéria de relações internacionais,seja por parte do governo militar de direita,dito ditadura ou da atual ditadura de esquerda,dita democracia:em cima do muro,fazer média com todos os lados e tentar ganhar alguma coisinha depois,nem que seja um amistoso tapinha nas costas. Política de país moleque com complexo de inferioridade,que não quer desagradar os países adultos. E por isso mesmo não foram recebidos como confiáveis:

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A invasão cubana em 1975/76 foi realizada como uma mudança de favelados,de imigrantes ilegais latinos tentando entrar nos EUA,sem grandes recursos financeiros,tipo “vão lá e se virem”confiando na ingenuidade inesperada e surpreendente de Henry Kissinger que acreditou plenamente na conversa fiada dos soviéticos e paralisou qualquer ajuda efetiva a Holden Roberto e Savimbi,deixando Agostinho”Copos”Neto livre para se vender . Porque política internacional não tem nada de sofisticado,quando fecham-se as portas vira conversa de bar de periferia:Henry,meu camarada,prometemos que os soviéticos não interviriam. E cubanos não são soviéticos!
Voos charter com a Aeroflot,lotação máxima,comida fria. Adiantando o serviço enquanto não chegava o pessoal espremido como sardinhas em lata nos velhos barcos cargueiros que lentamente se arrastavam no Atlântico:

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O Brasil efetivamente enviou uma parca ajuda “física” para todos os lados mas nunca li uma linha a respeito que traduzisse a realidade que vivenciei. E no estilo cubano:”vão lá e se virem” agravado com o típico toque da política brasileira: “e ser der errado,não temos nada com isso”...


Brasil!