sábado, 9 de junho de 2012

Literatura:As Marias invisíveis no nosso cotidiano

O meu conto Maria da Silva -apenas um retrato do cotidiano,está longe de ser um sucesso de vendas na Amazon com razão,pois os leitores fogem da tristeza e querem algo para distraí-los,não para deixá-los depressivos! Mas a verdade está estampada nele sem disfarces e sabemos que ela nos cerca mas a tornamos invisível,como auto proteção. Agora que o texto voltou a ser oferecido para download grátis,não ficarei constrangido em recomendá-lo. Tenho pensado nisso porque uma velha e boa amiga,honesta,cristã,com bons princípios,leu integralmente suas rápidas 84 páginas e as achou absurdas:isso não mais acontece,ninguém mais passa fome,as coisas não são assim,com tudo dando errado do princípio ao fim! Fiquei boquiaberto com sua capacidade de tornar invisível a tragédia humana ao seu redor e deixo aos leitores do Blog o veredito... Abaixo o prefácio,que explica porque saí tanto de meu estilo e assunto.
O conto Maria da Silva simplesmente invadiu minha mente sem pedir licença,sem rodeios ou belas frases. Não é uma bela história...Durante onze dias,dezenas de folhas preenchidas,sem que soubesse o que aconteceria no dia seguinte. Envolvi-me,tinha esperanças,torcia por Maria,a personagem. Fiquei feliz no dia que encontrou outra Maria. Embora as linhas saíssem de minha caneta eu não conseguia mudar ao meu modo,de acordo com as normais e humanas esperanças de final feliz e muitas vezes as lágrimas correram abundantes após a página terminada,com inesperados e brutais acontecimentos. A mão simplesmente deslizava sobre o papel e minha mente não podia intervir,como se tivesse captado algo solto pelo ar que se alojou em meu cérebro e estava sendo expelido como corpo estranho,porque os pensamentos,a vivência,não eram meus. Surpreendi-me com o que escrevi sobre lixo comestível,algo que nunca me passara pela cabeça,nunca experimentara tais situações para que pudesse descrevê-las como um expert.
Não tive tempo de pesquisar nos onze dias que se passaram;ia dormir pensando no que aconteceria pela manhã,como se o drama transcorresse defronte minha casa. Acordava e descia à biblioteca para ver,no papel,o que minha mão iria contar. E aqui está a história completa. Um texto vindo de um espaço outro que o Céu ou Inferno. Diria um lugar de inimigos do Diabo mas dissidentes de Deus,velho ditador contestado com firmeza. Sinto que a obra não é minha,sou apenas o apresentador da mensagem de Maria da Silva. Acredito que se alguns leitores após conhecê-la mudarem,que seja apenas a expressão do olhar para os catadores de lixo – que garimpam o desprezado,não esmolam - a missão a mim confiada pelo acaso terá sido cumprida...