quarta-feira, 27 de julho de 2011

Exército Português:o sumiço das pickups Willys brasileiras

Aqui no Brasil a Rural e as pickups Willys, depois Ford F-75 e F-85 são respeitadas e admiradas pela sua durabilidade, rusticidade e valentia em qualquer terreno. Fabricadas entre 1954 e 1982,ainda estão em uso intensivo e pesado na zona rural e também como veículo de passeio dos saudosistas, como no meu caso,com a F-75 da foto abaixo, fabricada em 1974,último ano com o motor Willys BF-161 de 6 cilindros e 90HP.



Em 1962,no início da guerra colonial,Portugal adquiriu da Willys Overland do Brasil 150 unidades da pickup militar Willys, destinadas ao Exército, para serem empregadas em África. Denominadas de Viatura de Transportes Gerais Willys Jeep ¾ toneladas 4x4 M/62 aparentemente seriam destinadas à Guiné e Angola,com proposta de uma aquisição de 500 unidades no total. Acredito que a opção posterior foi pelos apelidados ”burros do mato”, os Unimogs, mais altos e com melhor desempenho fora das estradas. São raras as imagens das Willys brasileiras com a farda portuguesa e o recorte abaixo é de um texto (CLIQUE) onde constam fotos pertencentes ao Arquivo Histórico Militar português, sendo uma patrulha da Companhia de Caçadores 406 em Angola.



Estranho nunca ter encontrado com alguma nos anos que passei no Ultramar, mais precisamente em Angola e Moçambique. Nem mesmo uma velha carcaça abandonada desses veículos tão resistentes ao tempo. Que fim levaram? Quando deram baixa ao serviço militar? Aqui no Brasil, mesmo as castigadas F-85 militares, apelidadas de “cachorro louco” passaram com galhardia às mãos dos aficionados civis e continuam rodando, bastante valorizadas e queridas. Não se consegue sumir com 150 pickups Willys! Com a palavra os patrícios que tiveram o duplo privilégio de combater pela pátria e usar uma das 150 pickups guerreiras...


Atualização em 17/08:abaixo as informações do Diretor do Arquivo Histórico Militar de Portugal, a quem agradecemos a gentileza, mas que também não tem conhecimento do destino das viaturas, embora ateste que elas foram efetivamente enviadas pelo menos para a Guiné e Angola. Ou seja, o mistério continua...

Referência:

E-mail de 5AGO11

Nossa referência:

N.º 714/11 Proc.º SILD.85.400.208 de 12AGO11

Assunto: Pedido de informação sobre viatura Willys Jeep M/62

     Dando satisfação ao solicitado no e-mail em referência informa-se que neste Arquivo foram encontrados alguns documentos, cujas cotas são PT/AHM/FO/7/B/41/4/366/29, PT/AHM/FO/7/B/41/364/5 e PT/AHM/DIV/2/2/157/1 (História do BCaç 442), que atestam a utilização em Portugal da viatura em epígrafe. Os dados constantes nos documentos são escassos. Tratam-se, essencialmente, de referências à sua origem, preço e locais para os quais eles foram enviados. Existem, ainda, duas fotos, a preto e branco, constantes numa página de uma História de Unidade onde se pode observar numa delas uma coluna militar composta por aqueles veículos e na outra a referida viatura junto de um outro jeep. Deste modo, apenas consta que foram adquiridas 150 viaturas por alturas de 1962/63 e que estas foram enviadas para Angola e Guiné, embora haja a possibilidade de também terem sido utilizadas noutros territórios ultramarinos. As viaturas constantes nas fotos referem-se ao seu uso pela Companhia de Caçadores n.º 406, do Batalhão de Caçadores n.º 442, que prestou serviço em Angola entre Março de 1963 e Junho de 1965. Estes dados e fotos foram já divulgados num artigo sobre o jeep ¾ Ton Willys Overland/Ford F-85 publicado online no seguinte endereço: http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/F85.pdf, pelo que se sugere a sua consulta.

Informa-se, ainda, que a utilização e publicação, escrita ou online, de documentos e imagens deste Arquivo carece de prévia autorização escrita e está sujeita ao pagamento de emolumentos, para além que junto dos referidos documentos e imagens deverá constar a sua cota e origem.

Com os melhores cumprimentos,
         

                                                                         O DIRECTOR

Carlos Alberto Borges da Fonseca

COR ART