Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
Da minha aldeia/Alberto Caeiro(F.Pessoa)
Um,dois,vários séculos atrás os grande pensadores buscavam no campo as largas extensões onde se via o Universo,para meditarem sobre a angústia das dúvidas existenciais surgidas no espremer das cidades com suas grandes casas que fecham a vista à chave,escondem o horizonte... Nosso cérebro é maior que as paredes,as ruelas,mas precisa de caminhos,mapas,rumos e azimutes para ir à frente,buscar respostas. Não parte do nada,parte de exemplos,vistos,sabidos,contados. Livros,boca a boca,ouvidos. Tempos idos,debaixo da sombra,contemplando o horizonte limpo,sem interferências,juntava-se os ingredientes do saber e os batiam com as engrenagens dos neurônios girando de acordo com a capacidade do indivíduo. Não é possível viver racionalmente sem a filosofia para entendermos os tropeços a cada passo e o caminho inexorável para a morte que desqualifica todo o viver anterior. Vivemos em busca de tudo para nos tornarmos nada.
As receitas anteriores de tranquilidade,curiosidade estimulante ou estoicidade que seja perante ao destino vinham de sábios e santos,heróis e mártires e da experiência do restrito grupo que nos cercava,geneticamente semelhantes. Mas veio o progresso inútil que nos deixou mais altos que do cimo do outeiro de nossas casas,dando-nos a visão de um Universo maior que nossa vista alcançava e que podia comportar. Pior, sem a necessidade do campo tranquilo e aberto dos exemplos próximos,mas avalanche de informação longínqua despejada dentro das casas fechadas à chave, sem horizontes.
Os caminhos, mapas, rumos e azimutes, os exemplos dos sábios e santos, heróis e mártires foram soterrados pelo horizonte artificial, pelo Universo contido em um retângulos eletrônicos chamados televisão, computadores, janelas abertas de fora para dentro dos cérebros esponja que tudo absorvem para processamento. Sábios ideológicos de inteligência dirigida e parcial; santos de pau oco em busca de fortuna;heróis fabricados e dourados ligeiramente de efêmera duração e mártires que escondem vilanias são os ingredientes de hoje,trazidos de longe,enfiados à força nas mentes,largas visões dentro de quartos mentais fechados.
Esconderam nossos horizontes,dando-nos os deles; empurraram o nosso olhar para longe de todo o céu,de nosso próprio céu, do céu de nossa aldeia. Dando-nos mais, tornaram-nos pequenos porque nos tiraram o que os nossos olhos nos podiam dar e que podíamos comportar, entender.
E tornaram-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver. Hoje nossos olhos são alheios, somos cegos para nós mesmos...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
Da minha aldeia/Alberto Caeiro(F.Pessoa)
Um,dois,vários séculos atrás os grande pensadores buscavam no campo as largas extensões onde se via o Universo,para meditarem sobre a angústia das dúvidas existenciais surgidas no espremer das cidades com suas grandes casas que fecham a vista à chave,escondem o horizonte... Nosso cérebro é maior que as paredes,as ruelas,mas precisa de caminhos,mapas,rumos e azimutes para ir à frente,buscar respostas. Não parte do nada,parte de exemplos,vistos,sabidos,contados. Livros,boca a boca,ouvidos. Tempos idos,debaixo da sombra,contemplando o horizonte limpo,sem interferências,juntava-se os ingredientes do saber e os batiam com as engrenagens dos neurônios girando de acordo com a capacidade do indivíduo. Não é possível viver racionalmente sem a filosofia para entendermos os tropeços a cada passo e o caminho inexorável para a morte que desqualifica todo o viver anterior. Vivemos em busca de tudo para nos tornarmos nada.
As receitas anteriores de tranquilidade,curiosidade estimulante ou estoicidade que seja perante ao destino vinham de sábios e santos,heróis e mártires e da experiência do restrito grupo que nos cercava,geneticamente semelhantes. Mas veio o progresso inútil que nos deixou mais altos que do cimo do outeiro de nossas casas,dando-nos a visão de um Universo maior que nossa vista alcançava e que podia comportar. Pior, sem a necessidade do campo tranquilo e aberto dos exemplos próximos,mas avalanche de informação longínqua despejada dentro das casas fechadas à chave, sem horizontes.
Os caminhos, mapas, rumos e azimutes, os exemplos dos sábios e santos, heróis e mártires foram soterrados pelo horizonte artificial, pelo Universo contido em um retângulos eletrônicos chamados televisão, computadores, janelas abertas de fora para dentro dos cérebros esponja que tudo absorvem para processamento. Sábios ideológicos de inteligência dirigida e parcial; santos de pau oco em busca de fortuna;heróis fabricados e dourados ligeiramente de efêmera duração e mártires que escondem vilanias são os ingredientes de hoje,trazidos de longe,enfiados à força nas mentes,largas visões dentro de quartos mentais fechados.
Esconderam nossos horizontes,dando-nos os deles; empurraram o nosso olhar para longe de todo o céu,de nosso próprio céu, do céu de nossa aldeia. Dando-nos mais, tornaram-nos pequenos porque nos tiraram o que os nossos olhos nos podiam dar e que podíamos comportar, entender.
E tornaram-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver. Hoje nossos olhos são alheios, somos cegos para nós mesmos...