sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Cavalaria:meu 3 de Fevereiro e o carro de combate ideal


...no dia 3 de Fevereiro dois acontecimentos marcavam o início do fim: a captura do chefe dos mercenários - a esperança de Holden – e concretamente o ataque às nossas posições. O inimigo finalmente colocara pelo menos 11 pesados T-54 na margem norte do rio...


...Agora veríamos se minha teoria estava certa, derrubando o primeiro, os outros não avançarão. Pelo menos momentaneamente estava errado... O tanque que vinha atrás do primeiro atravessou pelo fumo e o vi surgir, com fogo a jorrar de seu canhão. Enquadrei-o com dificuldade girando a torre rapidamente, pois a Panhard manobrava no estreito caminho para recuar; atirei. Nada aconteceu. Elétrico, manual, emergência, freneticamente acionava tudo, mas o tiro não saia. Olhei para o lado na escura cabine e o municiador, senhor Farinha, estava entretido a observar o combate pelo seu visor esquecendo-se de remuniciar o canhão, que estava vazio...



...Mas os tiros do cubano, talvez mais nervoso ainda, passavam por nós e eu respondia-lhe também errando, porque ao mesmo tempo chutava o ombro do Simões, compreensivelmente apavorado depois do choque de Quifangondo e que abrira a portinhola tentando abandonar o carro, deixando-nos à mercê dos tanques. O condutor gritava e chorava, mas consegui que manobrasse a Panhard, que com a torre virada para trás podia atirar em movimento...

Os trechos acima são de meu livro A Opção Pela Espada". É o relato de um combate entre uma frágil Panhard 90 e um T-54. Minha única vantagem era a mobilidade,usada para quebrar o contato ou seja, dar no pé... Poderia ser diferente? Além da desigualdade de equipamentos,houve um claro desencontro de atitudes dentro da Panhard,que poderiam fazer a diferença mesmo em um combate contra equipamentos de mesmo nível. A partir dessa experiência inferi que o ideal seria se num blindado,o comandante pudesse tomar todas as decisões e manejar todos os equipamentos,como um piloto de caça. Escolher a munição,manobrar o veículo,atirar. Qualquer máquina que dependa de vários operadores para um fim único está sujeita a diferentes comportamentos humanos que podem interferir no resultado,independente de treinamento. Mesmo entre combatentes experientes,há variações psicológicas de momento,imponderáveis,além de ferimentos individuais que comprometerão ou mesmo inviabilizarão o pleno uso da máquina.

Com as armas e equipamentos modernos o carro de combate ideal pode ser construído para um único ocupante:um veículo pequeno,lagartas,baixo perfil,canhão automático de calibre médio ajudando a diminuir o peso mas com munição de alta potência,uma metralhadora coaxial e outra comandada eletricamente,lançadores de míssil. Qualquer chefe de carro faria a mesma pergunta:com o perfil baixo como fica a importante visibilidade? Com um pescoço comprido,o MMS(mast mounted sight)similar ao usado no helicóptero OH-58,proporcionando ao tripulante uma visão de 360º enquanto protegido pelo terreno e também provido com câmera de imagem térmica para visão noturna,debaixo de poeira,nevoeiro e a grandes distancias. 



Poder de decisão,mobilidade e menos homens expostos. Um caça,mas terrestre e blindado. E um só homem dará conta do recado? Com os recursos eletrônicos hoje existentes,computadorizados,sim. Pergunte a qualquer garoto expert em combate com videogame...