segunda-feira, 25 de abril de 2011

Portugal,25 de Abril de 1974,a Revolução dos "Bastardos duma Raça de Heróis"

Nada a comentar neste dia de luto,quando Portugal apunhalou pelas costas,sua própria História;o poeta Paço d'Arcos já resumiu de maneira suficiente,brilhante e definitiva:

25 de Abril de 1974
Duzentos capitães! Não os das caravelas
Não os heróis das descobertas e conquistas,
A Cruz de Cristo erguida sobre as velas
Como um altar
Que os nossos marinheiros levavam pelo mar
À terra inteira! (Ó esfera armilar, que fazes hoje tu nessa bandeira?)
Ó marujos do sonho e da aventura,
Ó soldados da nossa antiga glória,
Por vós o Tejo chora,
Por vós põe luto a nossa História!
Duzentos capitães! Não os de outrora…
Duzentos capitães destes de agora (pobres inconscientes)
Levando hílares, ufanos e contentes
A Pátria à sepultura,
Sem sequer se mostrarem compungidos
Como é o dever dos soldados vencidos.
Soldados que sem serem batidos
Abandonaram terras, armas e bandeiras,
Populações inteiras
Pretos, brancos, mestiços (milagre português da nossa raça)
Ao extermínio feroz da populaça.
Ó capitães traidores dum grande ideal
Que tendo herdado um Portugal
Longínquo e ilimitado como o mar
Cuja bandeira, a tremular,
Assinalava o infinito português
Sob a imensidade do céu,
Legais a vossos filhos um Portugal pigmeu,
Um Portugal em miniatura,
Um Portugal de escravos
Enterrado num caixão d’apodrecidos cravos!
Ó tristes capitães ufanos da derrota,
Ó herdeiros anões de Aljubarrota,
Para vossa vergonha e maldição
Vossos filhos mais tarde ocultarão
Os vossos apelidos d’ignomínia…
Ó bastardos duma raça de heróis,
Para vossa punição
Vossos filhos morrerão
Espanhóis!

O vermelho da bandeira portuguesa hoje, é o sangue derramado por heróis africanos e europeus em defesa de seus ideais,misturado com o rubor da vergonha de ter que abrigar,debaixo de seu tremular,os capitães de Abril e sua história de traição e covardia.

Os "feriadões",a manada e as porteiras



...A vida é apenas uma sombra ambulante,
um pobre cômico que se empavona e agita
por uma hora no palco,sem que seja,após,
ouvido;é uma história contada por idiotas,
cheia de fúria e muito barulho,que nada significa.
                                  W. Shakespeare,Macbeth


Assistindo TV e vendo as notícias do feriadão de Páscoa...desde o abrir da porteira na quinta feira,até a volta,obedientes,em fila,diretos ao matadouro,mais gordos e satisfeitos...Vi a própria representação de meu livro “O infinito não tem pressa”,do ano 2000,de onde retirei esse texto adaptado para o blog,discorrendo sobre a Grande Manada nesta segunda feira de porteiras fechadas novamente... Qual a visão dessa manada,até onde vai o pensamento,o entendimento do mundo onde vivem? À primeira vista,tudo indica que é uma visão que não ultrapassa o veículo da frente ou a porta do escritório. Assustador é pensar que é essa massa que determina quem conduzirá a Sociedade,quem dominará nossas vidas,decidirá o certo ou errado e que pode em uma só canetada,nos transportar do Olimpo ao Inferno.
O Estado tornou-se,de protetor do cidadão,a um perigoso poder supremo cujo apanágio é manter-se nele a todo custo. E seu aliado não é quem produz,quem raciocina,quem pensa em condições reais de sobrevivência da espécie,não em termos imediatistas,enganadores. O aliado do poder e seu sustentáculo é a massa,o povão,a Grande Manada.
Resta aos animais ainda ligeiramente racionais e ameaçados de extinção, voltarem a ser Cidadãos-Estado,mantendo-se em guerra não declarada contra o monstro chamado Sociedade,dela se afastando por estar em minoria física,mas mantendo um comportamento tal que sirva de atração mútua a outros seres pensantes,para que possam se apoiar. Mas é isto o que pensam estar fazendo os intelectuais bem sucedidos e famosos,formadores de opinião... O que fazem é uma farsa dentro da Farsa. São os altamente egocêntricos membros do mundo acadêmico,sinônimo de mundo irreal,teórico,os políticos de esquerda,cultivadores da aparência,pois em sua superficialidade é necessário apenas “parecer”,os portadores de dúzias de diplomas e cursos que não são suficientes para lhes para suplantar a incompetência,os eternos desocupados e críticos -mas usuários- do Sistema,que se reúnem em suas mesinhas de chopp para desprezarem o próximo e veladamente disputarem entre si...É sempre necessário para eles,produtores e instigadores irresponsáveis dos rumos errados da Sociedade,aparentar cultura,aparentar um desleixo bem produzido,desprezo pelo dinheiro se desempregado contumaz...São meros bufões da manada. Uma classe especial,detectável até pela aparência física asquerosa e comportamento,são os patológicos defensores dos Direitos Humanos das minorias ou discriminados de toda espécie,econômicas,raciais, criminosos...Qualquer grupo ou indivíduo que os façam se sentir superiores são o objeto de sua adoração e defesa irracional, apaixonada. Dotados de um profundo sentimento de inferioridade, inseguros,desertam de seu grupo original e se unem aos que em verdade consideram inferiores,onde podem se pavonear e demonstrar sua magnanimidade. E isto fica claramente demonstrado pela fixação mórbida em defender o criminoso e sua família e nunca as vítimas dele!
O verdadeiro homem racional não está nesse meio,independe de títulos ou cultura;só é necessário um elemento cada vez mais raro:inteligência normal. Que conduzirá a uma visão clara do Grande Teatro Social. Se afastar da Sociedade não significa deixar de produzir,de criar,é fazê-los de forma não selvagem e cega,procurando encontrar um rumo que conduza à satisfação pessoal,sem mentiras para si,sem crenças absurdas que possam dar margem a um estoicismo criminoso...
Se afastar da Sociedade significa não acatar ideias ridículas somente porque provém de conhecidos sábios,que debaixo de grisalhos cabelos ,impecáveis ternos e gravatas,discutem suas teses amparados em versículos religiosos ou politicagem disfarçada de filosofia.
Se afastar da Sociedade é livrar-se da ilusão das grandes e cada vez mais desumanas cidades,desta busca incrível da manada em se espremer,se acotovelar,intercambiarem humores,gases,ruídos,suores...Visto assim fica estranho,não é?Pois é realmente estranho!É a torrente cega que impede o livre pensar,o arbítrio,o se ver de fora para dentro. 
Na cidade ganha-se mais,tem mais empregos. Mas também se gasta mais,é necessário condução para longos deslocamentos,a competição é selvagem,os perigos maiores,o ar impuro. Um círculo onde o saldo é sempre baixo e o prêmio sonhado são alguns dias na praia ou no campo,isto é,longe da cidade...
Deduz-se então que a busca,afinal,não é somente pela tranquilidade,abrigo ou alimentação,conseguidas também à beira de um rio,num casebre;a busca da massa rude é o poder sobre os demais,numa tradução grosseira dos instintos animais de se pavonear diante das fêmeas e se impor aos mais fracos do bando. Numa impressionante demonstração de mediocridade todos se enganam,o gerente se julgando realizado e superior aos supervisores,esses aos chefes de seção,estes aos demais funcionários,esses aos desempregados,estes aos moradores de rua,esses aos gerentes que têm que trabalhar... As armas que ajudam a impor esta hierarquia são automóveis,casas,eletrônicos, relógios,joias,simples traduções dos artefatos e enfeites como os usados há milhares de anos pelos nativos ou os papos vermelhos estufados de certos pássaros.
O Brasil é imenso territorialmente,cada um pode ter seu país da maneira idealizada,sem se deixar arrastar pela torrente irracional. Ou continuar contando os dias e as horas para a próxima abertura das porteiras...