A
princípio era apenas um descampado, longe da civilização. Um grupo
de amigos com ideais comuns resolveu comprá-lo e lá construir
suas casas, criar um novo bairro com pessoas que queriam viver
tranquilas, com liberdade, assistindo seus filhos e netos crescerem e
brincarem juntos. O bairro progrediu, cada vez mais bonito, moderno,
acompanhando o progresso. Belos jardins, ruas limpas, cadeiras na
calçada, aqui e ali uma boa música. Um belo dia chegaram pessoas
proclamando-se autoridades em nome da vizinhança e cobrando impostos
sobre o que os amigos haviam construído; depois disseram-se donos
das áreas onde não havia construções. Começaram a construir
outras casas, fora do alinhamento tradicional. Destruíram os jardins
do bairro para que mais carros passassem. Jogaram lixo nas ruas.
Transformaram a escola em clube. Músicas de mau gosto começaram a
ser ouvidas, altíssimas. Pessoas estranhas circulavam pelas
calçadas, esbarrando nas cadeiras onde conversavam os antigos
moradores e os agrediam. As cadeiras foram recolhidas... As crianças,
depois do primeiro atropelamento, não brincaram mais nas ruas. Agora
as autoridades vão mudar o nome do bairro e declarar que as casas
ali construídas não têm mais donos, são de todos...
O
velho morador toma seu chá...
-É,
minha cara esposa, envelhecemos nesse nosso amado bairro que
construímos para nossos filhos... É nosso patrimônio, nossa
herança, nosso orgulho..
-Meu
marido, esse bairro já foi nosso orgulho, não é mais! Nem dentro
de nossas casas estamos em paz, em segurança!
-Mas
nossa casa é tão bonita...
-Mas
dela não podemos mais sair! E fora dela o lixo tomou conta,
selvagens rondam, somos como estranhos em nosso próprio bairro! Logo
invadirão nosso lar!
-Mas
é dele que se originou toda nossa história, onde está toda nossa
família!
-Mas
qual o futuro dela aqui? Temos que pensar, foi nosso bairro, nosso
motivo de orgulho, já não é nosso, nem motivo algum de orgulho.
-Devemos
sair? Mas não seria trair nossos amigos e nossos sonhos? Nós que
ajudamos a construir cada parede, plantar cada flor?
-Meu
velho, chega um tempo que é preciso ter a coragem de enfrentar as
perdas e reconhecer que os tempos mudaram, Fomos invadidos, estamos
cercados e dominados por estranhos sem honra, sem princípios, sem
vontade de progredir, estudar, viver em paz. Definitivamente não é
mais nosso bairro, não há motivo de sentimentos de traição a um
nome, um lugar. Quando essa turba consumir tudo o que criamos, nos
atacarão em busca de mais; e depois virão tempos de barbárie, de
fome, de devassidão... O nosso antigo bairro, aquele de nossos
ideais, está em nosso coração, estará conosco por onde
caminhemos, busquemos um novo lugar para ele e para nossos amigos.
Temos o dever para nossas crianças, não se vive, não se cria, não
se educa sem a perspectiva de um futuro livre. Devemos, confiando em
nossa plena capacidade, buscar um novo descampado, plantar nossas
casas, jardins e escolas. Mas desta vez construiremos altos muros
para que a invasão do Mal não aconteça novamente...
Caminhamos,
graças a uma maioria descerebrada de habitantes, para o comunismo. O
bairro se chama Brasil. Não é desonra, não é traição proclamar
a verdade: esse país apodreceu, foi corrompido, não é mais um
lugar onde pessoas decentes possam criar suas famílias. Não mais é
uma PÁTRIA! Falar em patriotismo hoje é ser como o velho iludido
preso em sua casa. Não mais existem os jardins, nem crianças
brincando nas ruas, nem futuro. E é preciso reconhecer a derrota,
aqueles que procriaram como ratos tomaram conta de tudo e estão
felizes; na falsa democracia, são eles que mandam. Que fiquem com o
hino, a bandeira, o país. MAS nós os antigos moradores que aqui
deixamos nosso patrimônio moral e físico para ser delapidado,
roído, espoliado, temos direito a uma indenização. Queremos o
direito de migrar para um novo “descampado”, reconstruir a vida
pelos nossos padrões. Por bem ou por mal. Independente de posição
geográfica, o Brasil verdadeiro estará conosco. Seja o Sul pela
posição geográfica privilegiada para uma secessão, ou um isolado
Roraima com divisa internacional ou um Acre, com os olhos voltados
para o Pacífico. Porque não poderemos ficar como agora, cercados
pelo inimigo. Num novo Brasil, serão recebidos todos os verdadeiros
cidadãos que não querem ser escravizados debaixo de uma ideologia
que comprovou através da história ser o chicote de seres anormais,
aberrações, doentes, antro de toda espécie de lixo humano. Por
dever aos nossos filhos e ao futuro, devemos se necessário, pegar em
armas e conquistar um espaço só de Homens. E não precisaremos de
muito espaço para rapidamente criar uma grande nação de homens
livres, pois nossa força não estará mais sendo sugada.
Como
fazer? É plausível? Sabe aquele moleque que menorzinho, dá uma
porrada de surpresa no grandão e sai gritando pelo socorro da mãe? A “mãe”
pode ser a comunidade internacional, a ONU... Bater forte, manter o
terreno e gritar mais forte ainda por uma intervenção internacional para o
cessar fogo. E depois negociar. Um governo, mesmo sendo de canalhas
comunistas como o nosso, reconhecerá que é melhor perder uma
pequena porção de um gigantesco território que suportar uma
desgastante guerrilha, que como qualquer guerrilha, é impossível de
vencer. E para nós, verdadeiros cidadãos em minoria, é melhor
perder um gigantesco território que perder o futuro de nossas
crianças.