As potências
europeias relembram esta semana o início da primeira grande guerra
e é claro que não poderíamos -os portugueses- deixar de lembrar do desastre da
Batalha de La Lys. (Clique) E das tentativas inglesas de jogar a culpa
nas abandonadas tropas portuguesas, não só pelo governo português,
por muitos oficiais, MAS TAMBÉM NOS FLANCOS QUE DEVERIAM ESTAR
GUARNECIDOS PELOS INGLESES, apesar de governo e aliados terem sido insistentemente alertados sobre a situação das tropas lusitanas -que acumulavam tempo no inferno das lamacentas trincheiras sem substituição- pelo
General Gomes da Costa, um guerreiro heroico em África, Índia e nos
campos europeus.
E também não posso
deixar de pensar que décadas após, os sul-africanos através do
General Ben Roos, desertor da batalha de Quifangondo, tentaria colocar
a culpa de seu ato em outro grupo português também comandados por
um herói, experiente guerreiro e criador dos Comandos: Coronel
Santos e Castro.
A “épica”
história da atuação da artilharia comandada pelo General Roos
chega a ser cômica, pois se descreve uma retirada cheia de
sacrifícios, rebocando os obuses 140 através de trilhas e lamaçais,
do Morro da Cal até Ambriz, para serem evacuadas numa fragata, isto
porque eles haviam sido abandonados no campo de batalha sem proteção
do nosso grupo e ninguém se interpunha entre eles -artilheiros
heroicos- e o inimigo... A citada trilha era uma ótima estrada
asfaltada e durante todo o combate o velho Santos e Castro permaneceu
tranquilamente na posição e nosso grupo, este sim abandonado em pleno combate
pela artilharia sul-africana, quando retornou ao Morro da Cal não
encontrou nenhum artilheiro, que levaram as culatras dos obuses para
que não os utilizássemos e fugiram de helicóptero para a fragata.
As peças foram posteriormente levadas para Ambriz pela FNLA. Um
pequeno grupo sob meu comando permaneceu ainda cerca de 10 dias na
posição, que segundo o General Roos estaria deserta até que, sem
armamento adequado, tive que abandonar o Morro da Cal sob forte
bombardeio e cercado pelo inimigo que finalmente avançava, tudo isso enquanto o heróico General Roos já bebia seu chá quentinho em Pretória... Na net e em alguns livros abundam relatos em inglês
sobre a “epopeia” do General Roos, denegrindo o
nome do Coronel Santos e Castro, que em nenhum momento abandonou a
posição:
(...)Colonel Santos e Castro's Portuguese Angolan commando force was also in disarray due to the loss of most of their Panhard armoured cars and the death of some of their crews in the previous day's battle. They had consolidated a short distance northeast of their earlier occupied position on a ridgeline, leaving the SADF guns and a small SADF force there to protect the SADF's guns as the most forward element and vulnerable to any MPLA-Cuban ground attack. SADF Brigadier General Ben Roos threatened to withdraw his artillery guns immediately from northern Angola if his guns were not protected by a line of troops forward of the guns. Roberto was furious at the Portuguese Angolan officers for leaving the SADF guns exposed. (clique)
O
General Gomes da Costa de 1918 foi esquecido e abandonado e a
inversão de valores em Portugal chegou até nos nomes, aparecendo a
figura do traidor General Costa Gomes, considerado um dos “salvadores da nação” na famigerada revolução dos cravos em 1974. O Coronel Santos e
Castro, já no Valhala, nunca teve uma página que o defendesse dessa
calúnia dos “aliados”.
"Na guerra, a primeira vítima é a verdade..." (Ésquilo)