sexta-feira, 14 de junho de 2013

Os confrontos nas capitais e a Copa das Confederações. Ingredientes para engrossar o caldo

Pedro Marangoni


“O despotismo, por pior que seja, é preferível ao mal maior da Anarquia, da violência civil generalizada, e do medo permanente da morte violenta.”(Thomas Hobbes)
Mas quando o despotismo é dirigido apenas ao roubo,à corrupção sem limites,à loucura de implantar um império do mal baseado em uma doutrina anacrônica,burra,na contramão do progresso social,material,intelectual e,encantado com o próprio umbigo ignora a anarquia,a violência civil generalizada e o medo permanente da morte violenta por parte dos cidadãos acuados pela marginalidade e o abandono?
Segundo o próprio Hobbes,o Estado é um homem criado à semelhança dos demais porém maior e mais forte,para poder defendê-los. Por instinto,não se reage contra alguém muito grande,muito forte mesmo que ele passe atropelando,sem se preocupar em olhar para baixo. Mas “o homem é o lobo do homem”,está sempre cercando e rosnando embora recue quando encontra reação e força. Respeita o homem grande,o Estado. Resmunga,mas nada faz. Até que a pedrada destinada a um outro pequeno sem querer atinge o grande. E este continua a olhar para seu umbigo. Por instinto de predador atira outra e outra. Os demais,encantados,o seguem e a chuva de pedras aumenta,os pequenos descobrem que podem vingar seu abandono,aproveitar que nada tem a perder,derrotam ao gritar o medo do silêncio. A manada se agita e prova o sabor de sua força,pouco importando que seja comboiada em disparada para bons pastos ou um abismo.
E essa imensa força passa a ter consistência suficiente para ser manipulada por vários setores,muitas vezes conflitantes,contrários em seus desígnios. E o sangue começa a escorrer de várias feridas,São Paulo,Rio de Janeiro... Conflitos,desobediência civil,depredação,caos. Se insuflado pelo próprio déspota maquiavélico para depois ser dirigido contra oponentes,o feitiço começa a virar contra o feiticeiro... A criança chora e a mãe promíscua entretida com seus amantes ideológicos,sem ao menos olhar agita um brinquedinho qualquer. Copa,o futebol,promete mais circo. Sabe que o riso vai se misturar com o choro,abafa este e logo a criança volta a dormir. Mas o brinquedinho tem que agradar. E se isso não acontecer,se a decepção for logo de início, humilhante,acachapante,já que vivemos acomodados apenas com a fama conquistada em outros tempos,décadas atrás? Irritando milhões de cidadãos-crianças que estão descobrindo sua força,que podem atirar pedras,sangrar o grandão,finalmente aproveitar do caos de que sempre foram as vítimas?
O momento é único,difícil de se repetir. A grande concentração da atenção popular para o circo,para o brinquedinho da Copa das Confederações coincidiu e se entremeia com a agitação crescente nas grandes capitais e servirá em caso de decepção para engrossar o caldo do caos. Os déspotas torcem como nunca para a grande vitória hipnotizadora,uma verdadeira canção de ninar para a criança rebelde. Os verdadeiros cidadãos conscientes,paradoxalmente têm que torcer contra para que a manada comece a bater os cascos furiosa. Aí bastará estalar os chicotes para o estouro.
Há males que vêm para o bem... Que o barulho da quebradeira seja suficientemente forte para acordar os defensores da Constituição e da própria da sobrevivência da Nação,que aparentemente há muito dormem a sono solto nos quarteis. Contrariando Hobbes eu diria que o caos -mesmo com nefastos propósitos- que leve a uma reação é preferível ao torpor do povo diante da lenta e constante caminhada do Brasil para o marxismo.