quinta-feira, 6 de junho de 2013

Eu,silvicoladescendente,exijo meus direitos!

Pedro Marangoni*

É uma salada de conceitos,preconceitos,idiotices. Oras,o Brasil inteiro,com exceção do Acre dos seringais comprado a preço de bananas,era dos índios. Pensando bem,o Acre também era,só que dos índios dos bolivianos. Que aliás são um bando de índios mesmo,nem precisam reclamar para ninguém nem podem se auto invadir. Invadem alguma refinaria da Petrobras quando dá vontade e pronto,igual no Brasil,não dá em nada... Os portugas não descobriram essa terra,não pesquisaram em laboratório,misturaram alguns ingredientes e voilá:Brasil! O Brasil já estava aqui igualzinho à Portugal,que estava lá. O mais certo seria dizer:os indígenas brasileiros e os portugueses se descobriram por volta de 1500. Isso de,passados cinco séculos de construção de um país por gente oriunda de todos os cantos do mundo,querer individualizar regiões e considerá-lastradicionais terrasindígenasé uma grande piada. Na mesma linha que as tais áreas de quilombos,que obviamente são também áreas indígenas invadidas,só mudou a cor do invasor. Invasão dentro de invasão. Índios já estavam aqui,mas se os os tais quilombolas querem também fatias de terra para viver em tribos,vão ter que voltar para África e com os portugueses pagando as passagens,não temos absolutamente nada com isso. Aliás tem algumas companhias aéreas que em pleno século XXI parecem um navio negreiro em termos de comida e conforto... Parem com isso.
 
Reserva Indígena vá lá,pode ser em qualquer lugar,nada a ver com tradições nem visões de antropólogas da FUNAI maconhadas. Mas reservas devem ser dimensionadas na medida equivalente em termos de subsistência e olhe lá,tipo fazendas,sítios ou chácaras de acordo com o grupinho que quer viver de tanga. De t-a-n-g-a. E em local que não interfira com propriedades já em exploração,em produção,peças vitais no desenvolvimento nacional. Ou é para trás que se progride? Se é para viver como o cara pálida,se virem nas cidades como qualquer cidadão. Os negros também eram tribais e para a sorte deles quando da abolição não havia FUNAI,antropólogos,esquerdas maldosas,o politicamente correto e tiveram que se virar como seres humanos que são e se miscigenaram,sem maiores direitos e com os mesmos deveres de todos os habitantes. Senão hoje estariam em reservas e o governo importando zebras,leões e elefantes para não “perderem a cultura”. Índio é de porcelana? Se gritar com eles a alma se perde? Tem que chamar o Pajé de plantão? Mas quanta frescura! Índio aqui só se veste de índio para extorquir cara pálida! Aqui só se dá mal o trabalhador verdadeiro;o resto passa a vida tentando conseguir alguma boquinha de acordo com a direção dos ventos,como na indústria de indenizações onde todo imberbe que se assustou com o grito de algum sargento da PM nos "anos de chumbo” reclama e ganha um saco de dinheiro nosso com o efeito de um copinho de água com açúcar:pronto,pronto,passou,os milicos maus já foram,já foram,Tia Dilma deu tatau neles.
 
Eu,lembrei ainda hoje sou um silvícoladescendenteimportante,estava quieto e satisfeito mas agora também quero meus direitos,que não são poucos. Toda a área da Grande São Paulo e litoral era de vovô Tibiriça e do irmão dele,titioPiquerobi. Este pai da índia batizada como Antonia Rodrigues e aquele pai da Bartira,mais socialite,mais conhecida do público. Que se  casaram respectivamente com os portugueses Antonio Rodrigues e João Ramalho. As duas linhagens seguiram paralelas (não duvidem,tenho a árvore genealógica embora um falso RANI,o registro de nascimento indígena hoje resolva) até se unirem em casamento cerca de três séculos depois e desses dois importantes ramos nasceu Romualdo,pai de Júlia,mãe de Pedro,pai de Isolino,meu pai. Sou,como outros prováveis milhares de parentes,a 18ª geração dos chefes indígenas Tibiriçá e Piquerobi e para efeitos de indenização,pulsa forte dentro de mim o sentimento dos goianases,dos carijós,dos tupís e vou sentar a bunda no meio da Avenida Paulista,minha propriedade roubada pelos cara pálidas,interromper o trânsito e a economia e esperar que a Força Nacional venha para me proteger. Depois colocarão panos quentes e eu aceitarei um simples prédio como indenização e a vida continuará embora o milionário prejuízo de meu dia de índio fique. Parece piada? Não é. Assim está funcionando o Reino do Absurdo,Brasil.



*Pedro Marangoni,64,é autor de A opção pela espada entre outros.