Tempo de vida,estudos,trabalho,dedicação,respeito,constroem um lar com a face de cada um. Pouco a pouco, imperceptivelmente vão se acumulando os pedacinhos de nós, dos seres amados, das lutas e conquistas. Um lugar sagrado onde muito além de nossa morte devem habitar nossos filhos, netos, bisnetos e seremos mais que uma foto na parede para eles, o ambiente será uma alma quase palpável de toda a família através de décadas, até mesmo séculos. O conjunto dessas células únicas, pessoais, é que formam o corpo de uma Nação sólida.
Mas os tempos dos Homens passaram. Não vejo esta cena com o coração tranquilo.
Relembro também as fazendas Loge, Tentativa e outras em Angola. Os casarões na orla do Índico em Moçambique... Os armários escancarados, fotos rasgadas, os livros das grandes bibliotecas espalhados pela chão, desprezados e destruídos pelas hordas comunistas porque sem utilidade para eles, leitores de panfletos com frases e palavras de ordem para serem decoradas.
Os tempos dos Homens passaram. Estamos na Era das Grandes Manadas, sem passado e sem futuro, animais de rapina incapazes de construir algo sólido, de manter a Nação onde nasceram. Minha sala -e a sua leitor- num tempo não distante se não houver reação, estará condenada a ser ocupada por uma mesa e cadeiras pilhadas onde um comissário do povo semi analfabeto carimbará vales de alimentação para os companheiros. Nas paredes, alguma foto gigante de um líder qualquer a ser adorado.
É real. Já vi acontecer. É esta herança que deixaremos para nossas gerações?
