A impecável senhora coordenadora de cabelos cuidadosamente arranjados, anéis, brincos e balangandãs foi direta, concisa: sou contra o uso de uniformes nas escolas! O uso de roupas da escolha de cada um irá ajudar na formação da personalidade, individualidade... e outras baboseiras das quais já não me recordo, pois fiquei boquiaberto ouvindo o disparate.
A nobre coordenadora de ensino de não sei onde com certeza nunca teve que lavar a única calça jeans à noite e secar pela manhã com o ferro de passar.
A nobre coordenadora de ensino de não sei onde com certeza nunca teve que remendar ou intercalar as poucas roupinhas compradas em liquidações.
A nobre coordenadora de ensino de não sei onde com certeza não teve um pai ganhando salário mínimo, desempregado ou vivendo de sub emprego.
A nobre coordenadora de ensino de não sei onde com certeza nunca sentiu os sorrisos de escárnio dos colegas pelas costas ou ouviu chacotas a respeito de sua indumentária.
Porque a juventude, com a inconsequência,normal na faixa etária, é geralmente cruel com os que não são escolhidos em seu grupinho...
Formação da personalidade! Mas de personalidades inferiorizadas ou perversas dependendo do quanto os pais podem ou estão dispostos a investir no desfile de moda em que se transforma o ato de assistir aulas! Sem contar no apelo exibicionista do corpo pelas jovens,influenciadas pelas danosas novelas e programas juvenis das TV, o desleixo obrigatório dos rapazes em sua tentativa de fazer parte do contexto, tudo levando à indisciplina e ao baixo rendimento.
O uniforme iguala, facilita, é pratico, pode ser durável e econômico se escolhido com inteligência e nos dias de hoje, com as escolas infiltradas por traficantes, pedófilos, desocupados transitando em seu interior, ajuda até na segurança dos alunos.
O uniforme, Dona Coordenadora,se não ajuda na formação da personalidade e individualidade, pelo menos não penaliza os mais carentes, fazendo da escola um oásis de esperança, onde podem sonhar e se empenhar buscando um futuro melhor em igualdade de condições intelectuais e não um palco onde compareçam para exporem as cicatrizes de uma sociedade desigual e omissa, dirigida por personalidades como a Senhora, distantes da realidade, sujeitas ao mesmo destino de outra do mesmo tipo que comentou:
-Não têm pão? Que comam brioches!