As redes sociais são
bastante criticadas pela inconsequência de suas mensagens,
amadorismo, etc, etc. Não posso discordar, são milhões e milhões
de pessoas dos mais variados níveis de conhecimento, formação,
carácter, sanidade mental, postando mensagens pensadas, trabalhadas
ou de supetão, num momento impensado, de raiva, bebedeira, euforia,
tristeza...
Mas o que dizer da
mídia profissional, que estudou para isso, que tem carteirinha
plastificada de imprensa, diploma na parede, emprego bem pago no ramo
jornalístico quando de suas apresentações ao vivo num evento
inesperado, como agora no acidente que terminou com uma vida
importante no cenário político?
A inconsequência ao
querer manter a audiência e o fluxo de informações produz uma
enxurrada de besteiras, algumas vezes cômicas, outras absurdas,
outras desrespeitosas quer às vítimas quer aos telespectadores.
Esta tarde, ao mesmo tempo, duas emissoras curvavam o avião para
lados opostos, sem se dar sequer ao cuidado mínimo de pesquisarem
junto aos “especialistas” que logo aparecem, um dado simples, a
direção do vento local, que indica a cabeceira da pista em uso
(direção do pouso) e o local da queda, determinando a direção da
curva após a arremetida. Um dizia que o reconhecimento dos corpos só
seria possível pelo DNA, outro entrevistava uma testemunha que
“abriu as pálpebras do Eduardo Campos e reconheceu os olhos
claros”! Confirmaram em “definitivo” a colisão com um
helicóptero, outro “profissional” perguntou se devido à baixa
altitude a aeronave poderia ter sido abatida, outro espalhou os
destroços devido à explosão no ar e o outro concentrou os
destroços no quintal da casa devido ao ato heroico do piloto... Sem
contar a repórter que com ar de mistério, perguntou porque o trem
de pouso estaria baixado. Ô dona, o trem de pouso era apenas um
pedaço lançado ao solo, se você encontrasse a porta acharia que
ela estava aberta?
As “caixas-pretas”
e o laudo da perícia indicarão com quase exatidão os motivos. E
como inconsequente e amador blogueiro, sem carteirinha assinada
também dei o meu palpite e repito aqui o que achei mais provável:
como todo acidente, ocorreu uma sucessão de eventos, não apenas um.
Primeiro o mau tempo, pista operando nos mínimos meteorológicos,
obrigando uma arremetida após o piloto não ter visualizado a pista;
estando nos mínimos, o tempo de reação também é mínimo e se a
perda de contato com o solo foi súbita -aumento de pancadas de chuva, informaram agora- a arremetida pode ter exigido um brusco aumento de
potência nas turbinas, ocasionando pane em uma delas -o segundo
evento do acidente- com posterior perda de sustentação com a
aeronave inclinada na curva após a arremetida e consequente queda.
Aguardemos a
perícia, que agora pouco revelarão pois em maio deste ano, a Dona
Dilma assinou um decreto tornando sigilosas as informações
referentes a acidentes aéreos, incluindo “caixas-pretas” e
testemunhas...