Três meses atrás iniciaram-se tímidos protestos na Líbia,na onda dos vitoriosos levantes do Egito e Tunísia. Não foram além,sem a intensidade dos vizinhos e não representavam a vontade da maioria do povo líbio,que ficou em silêncio. Na euforia tola da mídia ocidental,acreditou-se na queda rápida de Kadafi e este blog avisou que aconteceria o contrário,alertando para o perigo que o avanço do Islamismo radical por detrás das manifestações árabes representava para o ocidente. Parecia e continua a parecer um problema particular de Sarkozy,o líder francês de problemática personalidade que busca popularidade a todo custo e que no momento comemora o que alguns julgam ser uma armadilha ao seu provável concorrente eleitoral mais forte, o diretor geral do FMI e mulherengo conhecido,Dominique Strauss-Kahn, acusado de tentativa de estupro.
A ONU e a OTAN,de maneira abusiva,com excesso desproporcional de força entraram em ação contra as forças legais líbias,sob alegação de proteger vidas civis,quando um grupo armado rebelde começou a ser atacado por Kadafi,uma escaramuça comum no terceiro mundo e que seria resolvida rapidamente com poucas baixas. Três meses depois,a desastrada ,ilegal e incompetente ação USA/Europa causou milhares de mortes para proteger vidas e mantém uma forçada guerra civil,onde o oponente do regime é um grupo desorganizado e pequeno,sem representatividade. Uma clara ingerência nos assuntos internos da Líbia,um ato colonial descarado,usando pretextos descabidos,que na mesma medida,justificariam também a intervenção imediata na Síria,onde manifestantes -estes sim – desarmados,estão sendo mortos às centenas pelo governo.
Num beco sem saída confessado por um general americano,pois Kadafi,mesmo com forças militares sucateadas é osso duro de roer,com aviões franceses e ingleses provocando mortes entre civis e os próprios aliados e com a perspectiva de uma longa batalha,começaram outra fase,a do assassinato do líder líbio,também sem sucesso. Agora,numa última cartada,entra em cena o TPI,Tribunal Penal Internacional,que criado em 1998,só começou a trabalhar em 2002 para julgar crimes de guerra contra a humanidade e genocídios e até agora só condenara em 2008, um Chefe de Estado,Al-Bashir,do Sudão,que tranquilamente continua no poder. Para legitimar uma invasão por terra na Líbia,o promotor do TPI,o argentino Luís Moreno Ocampo pede a emissão de um mandado de prisão contra Kadafi,em tempo recorde de investigação que ouviu apenas 50 testemunhas,nenhuma delas na Líbia! Afirmando que será imparcial,declarou que tem informações de que alguns grupos de oposição também têm armas(!?) e caso tenham cometido crimes também serão julgados! Qualquer criança que assista à TV sabe que se trata de um grupo rebelde,com profusão de armas,inclusive tanques!
Acusa o promotor que as forças de Kadafi atacaram civis,dispararam contra procissões e manifestantes e usaram franco atiradores contra o povo. Ou seja,a mesma denúncia em que se enquadrariam todos os últimos presidentes dos EUA,desde a guerra do Vietnam,passando pelo Iraque e Afeganistão e com o ataque ao assassino Bin Laden e sua família como a cereja neste bolo de prepotência e hipocrisia...