Gurgaon - New Delhi-Gurgaon. Como fazer metade do pretendido no dobro do tempo... Peço um táxi,"mas que seja confiável". Chega o táxi.(meia hora depois) O motorista não entende absolutamente nada em inglês,nem mesmo sim ou não.Também o táxi não é táxi. Pelo menos é razoavelmente novo e tem ar condicionado para os 42 graus lá fora. Escrevo os endereços para o driver. Partimos. Cinco minutos depois,a primeira das 10 ou 15 paradas. Fico cozinhando o cérebro dentro do carro,que tem o ar condicionado mas não funciona bem,muito menos com o motor desligado. O motorista foi colocar uns créditos em seu celular. Mais alguns dedos de prosa. Mostra o meu papelzinho com os endereços. O pessoal balança a cabeça,mas para todos os lados,nunca se sabe se é positivo ou negativo...
Lá vamos nós. O celular é para pedir ajuda aos colegas. Dirige e fala. Repassa-me o celular,converso com outro motorista que entende inglês. Dou as instruções,devolvo o telefone. Conversam em hindi. A cena se repete,mas não mais que uma dúzia de vezes,se muito...fácil,fácil... Acelera,freia,acelera,freia,geralmente a uns dois centímetros-no máximo-dos riquixás,tuc-tuc,(riquixás motorizados,aqueles verdinhos)outros carros e pedestres. A distancia é medida pelo tamanho do oponente. Se for pedestre,este que trate de pular fora porque encosta mesmo. Nos riquixás o passageiro ou condutor usam os pés como para-choque. Todos buzinam freneticamente,mas sem a nossa conotação agressiva. E incrivelmente o transito flui,devagar e sempre. Melhor que em nossas cidades,cheias de regras,sinais e policiais,com acidentes e brigas. Aqui o segredo é a paciência. Mais uma parada. No meio da rua mesmo. Os veículos vão se desviando como podem,pela direita pela esquerda. Meu motorista abre a porta,deixa-a aberta e vai conversar com o motorista que vinha atrás,com meu papelzinho na mão. Finalmente retorna,eu achando que todo mundo estava incomodado. Quando vamos arrancar,o motorista de trás nos chama e acrescenta mais alguns detalhes...
Começo a desconfiar que meu driver além de não conhecer Delhi,também não sabe ler,é um illiterate,oh my God... Andamos mais um pouco. Desviando ou encostando,só as vacas,pelo sim pelo não,escapam. Tuc tuc e riquixás pela direita,esquerda,meu motorista pedindo informações com respostas sempre longas e em movimento. Quando é do meu lado abro logo a janela para que não parem no meio da rua para conversar. Arrancadas decisivas para depois fazer meia volta no meio das avenidas. Totalmente lost,que bost... Chegamos à embaixada,são gentis,escrevem as informações em hindi para o motorista. Ele as lê,provavelmente de cabeça para baixo. Mais alguns quilômetros. Para em local proibido,os policiais fazem sinal,ele deixa o carro no mesmo local e vai até eles com o papel,agora em hindi,nas mãos. Conversam,gesticulam as prováveis direções. Retorna e pela primeira vez coloca o cinto de segurança,provavelmente a pedido dos policiais. Coloco o meu também,já não baterei com a cabeça no painel novamente.
E em apenas três horas circulando em Delhi,consigo fazer a metade do que queria.Deixarei para outro dia,depois de devidamente hidratado. Retornamos a Gurgaon. Resolvo parar em um Mall para comer. O motorista decide ficar fora do estacionamento subterrâneo,mais precisamente estacionado na entrada dos demais carros. O segurança vem e chama-lhe atenção. Ele não responde -será que também não fala hindi?- e fecha o vidro na cara do homem. O segurança sutilmente começa a esmurrar a janela,acredito que vai quebrá-la. Faço sinal de "tudo bem" ao homem e desisto do almoço. Home!Mas o motorista não quer,insiste que eu fique. Quero pagar e voltar de riquixá,montado numa vaca,qualquer coisa mas ele também não entende,nem mostrando as rúpias. Home,home!
Finalmente,depois de algumas horas com metade das coisas por fazer e sem comer,já estou em casa. Metade de um dia andando de táxi,preço a pagar:cerca de 20 dólares...Vá lá,por este preço,o que queria eu?