quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Morte de Eduardo Campos: Essa mídia “profissional” e suas maravilhosas transmissões ao vivo

As redes sociais são bastante criticadas pela inconsequência de suas mensagens, amadorismo, etc, etc. Não posso discordar, são milhões e milhões de pessoas dos mais variados níveis de conhecimento, formação, carácter, sanidade mental, postando mensagens pensadas, trabalhadas ou de supetão, num momento impensado, de raiva, bebedeira, euforia, tristeza...

Mas o que dizer da mídia profissional, que estudou para isso, que tem carteirinha plastificada de imprensa, diploma na parede, emprego bem pago no ramo jornalístico quando de suas apresentações ao vivo num evento inesperado, como agora no acidente que terminou com uma vida importante no cenário político?

A inconsequência ao querer manter a audiência e o fluxo de informações produz uma enxurrada de besteiras, algumas vezes cômicas, outras absurdas, outras desrespeitosas quer às vítimas quer aos telespectadores. Esta tarde, ao mesmo tempo, duas emissoras curvavam o avião para lados opostos, sem se dar sequer ao cuidado mínimo de pesquisarem junto aos “especialistas” que logo aparecem, um dado simples, a direção do vento local, que indica a cabeceira da pista em uso (direção do pouso) e o local da queda, determinando a direção da curva após a arremetida. Um dizia que o reconhecimento dos corpos só seria possível pelo DNA, outro entrevistava uma testemunha que “abriu as pálpebras do Eduardo Campos e reconheceu os olhos claros”! Confirmaram em “definitivo” a colisão com um helicóptero, outro “profissional” perguntou se devido à baixa altitude a aeronave poderia ter sido abatida, outro espalhou os destroços devido à explosão no ar e o outro concentrou os destroços no quintal da casa devido ao ato heroico do piloto... Sem contar a repórter que com ar de mistério, perguntou porque o trem de pouso estaria baixado. Ô dona, o trem de pouso era apenas um pedaço lançado ao solo, se você encontrasse a porta acharia que ela estava aberta?

As “caixas-pretas” e o laudo da perícia indicarão com quase exatidão os motivos. E como inconsequente e amador blogueiro, sem carteirinha assinada também dei o meu palpite e repito aqui o que achei mais provável: como todo acidente, ocorreu uma sucessão de eventos, não apenas um. Primeiro o mau tempo, pista operando nos mínimos meteorológicos, obrigando uma arremetida após o piloto não ter visualizado a pista; estando nos mínimos, o tempo de reação também é mínimo e se a perda de contato com o solo foi súbita -aumento de pancadas de chuva, informaram agora- a arremetida pode ter exigido um brusco aumento de potência nas turbinas, ocasionando pane em uma delas -o segundo evento do acidente- com posterior perda de sustentação com a aeronave inclinada na curva após a arremetida e consequente queda.

Aguardemos a perícia, que agora pouco revelarão pois em maio deste ano, a Dona Dilma assinou um decreto tornando sigilosas as informações referentes a acidentes aéreos, incluindo “caixas-pretas” e testemunhas...