segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Livro "A conspiração de Santo Antonio do Desamparo": a paranoia vista de dentro


Paranoia. S. f. Psiq. Psicopatia, de que há várias formas clínicas, caracterizada pelo aparecimento de ambições suspeitas, que se acentuam, evoluindo para delírios persecutório e de grandeza estruturados sobre base lógica. (Aurélio)
Tudo o que sabemos doutrem é através de informações do próprio e deduções a partir de seu comportamento. Não conhecemos verdadeiramente ninguém. Você sabe o que se passa dentro da casa de seu vizinho? Você sabe o que se passa dentro da mente de seu cônjuge?
Abra essa obra. Não se trata de um livro e sim da porta para o interior de uma mente alheia. Entre, raciocine em conjunto e acompanhe os passos lógicos e convincentes da vítima. Olhe para fora e veja um mundo perverso e ameaçador...

O professor JC :



"...Não dá mais, urge deixar anotado, de alguma forma alguém tomará conhecimento do que estão fazendo comigo caso passem à violência e eu apareça morto. Falo dos psicopatas que me cercam e vigiam.
Estou muito à frente dos que me cercam, por isso querem-me ao seu lado! Algum tempo atrás quando ainda a geladeira estava ligada, salvara dois grãos de arroz doce e escondi o fato, que agora posso esclarecer para os que porventura lerem essa peça de acusação e até mesmo para mim. Obviamente os grãos de arroz não falaram comigo, não tinham bracinhos dependurados! Não procurem traços de loucura em mim! Explicarei para que esse relatório não seja desconsiderado tachando-me de lunático e desviando as atenções das investigações que certamente acontecerão. Retirava um pouco de sobremesa quando ao fechar a geladeira vislumbrei os dois grãos de arroz dependurados na borda da travessa, corpos projetados no espaço com apenas uma mínima parte em contato com o recipiente. Eu -agora sei- como parte e todo do Universo, portanto parte, todo e colega dos dois grãos de arroz, senti o apelo que eles/eu/universo lançaram acerca da energia que ali se gastava sem um fim útil. Abri novamente a porta, recolhi os dois grãos e os reuni aos outros que ao serem ingeridos, me forneceriam energia mais útil do que a desperdiçada ao permanecerem agarrados à borda da travessa! Raciocínio simplesmente lógico, tarefa impossível para um suposto demente.
Agora entendo que não vim por acaso, como me parecia, uma simples transferência burocrática. Fui enviado para neutralizá-los e tentar clarear seus caminhos. O Mal reside em Santo Antonio do Desamparo! O mundo tem que tomar conhecimento e atacá-lo pois está concentrado. O Mal aumentaria seu poder comigo ao seu lado? Mas como? O quê em verdade é minha casca humana que tanto querem e tentam preservá-la?

Agora sei e entendo minhas angústias humanizadas de ser um solitário que nunca teve uma namorada, nunca casou e nunca soube o que é ser pai. Minha missão era outra. Por isso nunca adoeci. Por isso me sentia diferente dos demais. E todos os que estão sob o domínio do Mal sentiam meu poder, por isso não se aproximavam, não me aceitavam e eu amargava a discriminação, solitário, deixado de lado até mesmo na escola, depois de tantos anos de serviço, para amanhecer no dia previsto para minha aposentadoria e desligarem-me como um aparelho obsoleto

Doutor Ernesto F. Wuller, psiquiatra Chefe:
"...J.C. 54 anos. Uma vida discreta, pacata, profissionalmente produtiva. Uma simples timidez que como uma bola de neve aumenta quando a burocracia fria o transfere para uma cidade desconhecida. E enquanto a vida rola encosta abaixo vai agregando mais e mais problemas de relacionamento social sem que os demais se importem com isso. Foi transferido porque não tinha família, agora não participa porque não tem ligações, raízes. Escolhem-se os amigos e amores como uma fruta no mercado, as que mais atraem esteticamente sem se importar com o conteúdo, as marcas mais conhecidas; o que não é atrativo ou conhecido fica marginalizado contemplando namorados de mãos dadas, rodas de alegres amigos, famílias sendo constituídas. O homem torna-se incompleto, sua casa não se constitui num lar, é apenas um abrigo. Reflui, interna-se, só olha para dentro de si, o entorno passa a ser indefinido, enevoado, disperso, impalpável. Torna-se respeitado por sua competência mas se transforma para os demais em uma figura jurídica, impessoal. Não há amigos ou amores e o trabalho substitui o lar, a sociedade é o simulacro de família.

E de repente chega a aposentadoria. Desliga-se a chave da figura jurídica. Desaparece a família social, fecha-se a porta do lar-trabalho. E chega o despertar na manhã em que não há para onde ir, não é requerido, esperado, solicitado, seu nome não consta na lista de cidadãos produtivos. Não tem porque levantar-se da cama. Encontra a vida fechada para balanço. E é ele, sozinho, que terá que encarar esta contabilidade cruel. Não há o ombro de uma esposa, os risos dos netos que carimbam a vida plenamente vivida. Não há mais sonhos a serem sonhados. Sente que as paredes do fracasso começam a se aproximar para esmagá-lo e tem dois caminhos diante do nada quando olha para o passado e do nada quando encara o futuro: admitir a derrota, a incapacidade, a fealdade, a incapacidade de conquistar, enfrentando a tristeza, a depressão que já mostra sua cara e esperar a morte estoicamente ou optar pela vida, rebelar-se, rejeitar o fracasso, encontrar os vilões que não permitiram que recebesse seu quinhão de felicidade?

E ele encontra facilmente o vilão, porque ele pode ser real, ele pode existir para todos nós que o adulamos, servimos, tentamos conquistar, enchemos-lhe de sorrisos e acenos mas é um monstro hipócrita, amoral, cruel, castrador, dissoluto, ditatorial: a Sociedade. Para assim vê-la, basta uma simples mudança de chave no intrincado cérebro humano..."

Sem dúvidas, este livro é uma coisa de louco...  Leia antes que a CIA o delete! Na Amazon, epapel  e em e-book