sábado, 14 de janeiro de 2012

Pobres homens e mulheres modernas,sem armas,sem prole e sem cavernas...



Para meditar neste fim de semana...

Guardadas as devidas proporções,o guerreiro de hoje seria o militar(em tempos de guerra) mas que não luta por si mas pelo grupo e cumpre as diretivas do Estado,que quase sempre não são as que o fazem se sentir defendendo uma causa justa como sua caverna e prole. Exposto ao combate durante muito tempo o homem moderno pode,ao se reintegrar à famigerada,artificial Sociedade,entrar em conflito com seus sentimentos naturais,não suportando mais a covardia da vida civil e suas leis castradoras que o colocam,após um período heroico,em igualdade de condições a sub-homens,rebelando-se e decidindo por abandonar tudo,inclusive a vida sem sentido. Advém suicídios,atiradores nas torres das cidades abatendo a esmo,chamados de neuróticos de guerra. Eu diria neuróticos de paz,esta chamada paz muito mais cruel e difícil de suportar que uma guerra. Aos que simplesmente se entregam a lamentos e fugas infantis encenando a neurose de guerra,eu chamaria de covardes em tempo integral,que assim seriam independente de terem participado de uma guerra. Bastaria um cão latir mais alto e já estariam com os sintomas,como sempre profundamente explicados pelos sábios psiquiatras e analistas...

Integrados na manada com seus preconceitos,a maioria dos varões tenta fugir ao serviço militar e se o faz,se apresenta como uma vítima,cheia de críticas ao sistema. Mas a origem animal guerreira sempre deixa seus vestígios e passado esta fase militar considerada como perda de tempo,o engravatado cidadão dela nunca se esquece,cria um espírito de corpo com os companheiros de quartel e acabam se relacionando pelo resto da vida,dando sem perceber um crédito maior que ao próprio tempo escolar. Porque ali estavam próximos à sua natureza, geralmente pela primeira e última vez em sua existência.

Na manada seu breve suspiro guerreiro se dilui nas normas de não reagir,não retaliar,não desobedecer e a fêmea, que muitas vezes em convívio com mães ou avós racionais e verdadeiras,sente sua vocação de moradora da caverna que espera seu homem e dele cuida em troca de segurança,pode se ver na mão de atacantes brutais,situações de fome ou abandono enquanto seu macho chora ou pede por clemência,aplaudido pelos desarmamentistas e autoridades policiais...E por experiência própria ou alheia,somadas à pressão social e o real declínio masculino,as mulheres acabam por cuidar de si próprias,descrentes dos parceiros,colocando-se em posição igual ou superior a eles,indo contra seus sentimentos ou aspirações,voltando à torrente,sem saber explicar um persistente descontentamento,uma tênue tristeza envolvente enquanto esboçam um falso sorriso vitorioso ao dizer:sou uma vencedora,estou no topo,sinto-me bem dirigindo minha vida...Depois a empresária vitoriosa vai ao analista,chora durante meia hora,paga a consulta e retorna ao grande apartamento solitário,onde se entope de pílulas para dormir,recomeçando a penosa farsa no dia seguinte.

Resta às mulheres a esperança um tanto enganadora de encontrar um homem no verdadeiro sentido,garimpando na estéril campina da sociedade ou penando no método tentativa e erro. Mesmo nascendo potencialmente macho,guerreiro e protetor -os pequenos tendem a se tornar feras quando sentem as mães ameaçadas- logo entram na perniciosa torrente e os tigres tornam-se cordeiros. O usar,o consumir de suas energias transbordantes,o impulso da testosterona que antes era feito através de aventuras sedimentadoras da masculinidade,hoje é realizado de forma eletrônica ou através de drogas,substitutos covardes dos atos viris! A emoção de um salto de paraquedas ou uma escalada é substituída por uma dose de cocaína;um desafiante combate aéreo é provido por um vídeo game...As atividades másculas que deixavam cicatrizes físicas que construíam o macho forte e protetor foram deixadas para trás e seus sucedâneos atuais deixam cicatrizes na alma,no cérebro,reduzindo o homem a uma imagem pálida do que já foi.

As mulheres,sem outra alternativa,são obrigadas a se nivelarem aos homens na manutenção da vida e como eles acabam também se dissolvendo na manada,perdendo suas qualidades para poder sobreviver. O planeta Terra tornou-se um grande celeiro de joio,onde se acham perdidos alguns grãos de trigo...


Extraído e adaptado de meu livro O Infinito Não Tem Pressa